Dados do Trabalho


Título

HIPERTENSAO PULMONAR TROMBOEMBOLICA CRONICA: UMA CAUSA DE DISPNEIA PERSISTENTE APOS TEP AGUDO

Descrição do caso

Introdução
A Hipertensão Pulmonar tromboembólica crônica (HPTEC) é caracterizada por obstrução arterial pulmonar secundária a tromboembolismo pulmonar (TEP) agudo não resolvido, após 3 meses de anticoagulação terapêutica, mantendo como sintoma principal dispneia crônica.

Relato de caso
Feminino, 41 anos, hipertensa, obesidade grau III, compareceu em consulta médica em julho de 2022 relatando dispneia aos mínimos esforços, acompanhada de lipotimia e dor torácica, dispneia paroxística noturna, ortopneia e edema de membros inferiores, de início há 2 anos, após diagnóstico de TEP agudo concomitante à infecção respiratória pelo vírus SARS-CoV-2. Fez uso de anticoagulação terapêutica por 3 meses de maneira irregular. Ao exame físico, identificado discreta estase de jugulares, B2 hiperfonética em foco pulmonar, edema com cacifo (2+/4+) e sinais de insuficiência venosa periférica. Anticoagulante lúpico positivo. Angiotomografia de tórax (01/11/22): rombo mural excêntrico crônico na artéria interlobar inferior esquerda e interrupção do ramo segmentar superior do lobo inferior homolateral; aumento da relação artéria-brônquio intrapulmonar e aumento do calibre do tronco arterial pulmonar (3,3 cm); cardiomegalia com sobrecarga de câmaras direitas e retificação do septo interventricular; aumento da relação VD/VE. Cintilografia de perfusão pulmonar (25/11/22): múltiplos defeitos perfusionais em cunha em ambos os pulmões. Cateterismo cardíaco de câmaras direitas (04/11/23): PmAP 50,6 mmHg, PoAP 7 mmHg, RVP 854 dyn.seg/cm5. Diante dos achados, foi diagnosticada com HPTEC, encaminhada para internação em abril de 2023 para tratamento cirúrgico com tromboendarterectomia pulmonar, a qual transcorreu sem intercorrências. Apresentando PSAP 95 mmHg pré-cirúrgica, com queda para 29 mmHg no pós operatório imediato. Paciente evolui com estabilidade clínica, recebendo alta hospitalar em uso de anticoagulação terapêutica e sem terapia vasodilatadora pulmonar.

Discussão
A HPTEC é uma complicação tardia do TEP agudo (até 2 anos), com incidência de 6,3% e classificada como hipertensão pulmonar do grupo 4. Diante da gravidade, as diretrizes atuais recomendam avaliação diagnóstica adicional em pacientes com dispneia persistente e limitação ao exercício após um episódio de TEP. A paciente em questão tinha fatores de riscos conhecidos para dispneia crônica, incluindo episódio trombótico prévio, obesidade, anticoagulante lúpico positivo, infecção pelo vírus SARS-CoV-2 e um período de anticoagulação inadequada. O rastreio é realizado por ecocardiograma transtorácico e o diagnóstico é dado pelo achado de obstrução vascular associada a hipertensão pulmonar pré-capilar com hiperresistência vascular pulmonar no cateterismo direito. A triagem de rotina para HPTEC é de extrema importância pela possibilidade de cura com o tratamento cirúrgico. Pacientes não candidatos à cirurgia são tratados com vasodilatador pulmonar associado ou não à angioplastia pulmonar

Suporte financeiro
Não houve.

Área

Outros

Instituições

Hospital Santa Izabel - Bahia - Brasil

Autores

CEILA BEATRIZ OLIVEIRA MENEZES, TAINÁ GUIMARÃES CARDOSO, ANDRÉ BANDEIRA DE MELO JORGE MONTAL, GABRIELA LIMA BARRETO, KEVIA SOUSA RÊGO, BRUNA MELO COELHO LOUREIRO, FERNANDA DE SOUZA E SILVA DANTAS , JULIANE PENALVA COSTA SERRA, CAMILA MELO COELHO LOUREIRO, JAMOCYR MOURA MARINHO