Dados do Trabalho


Título

FALHA DE RESPOSTA AOS MODULADORES DA PROTEINA CFTR – RELATO DE CASO

Descrição do caso

A.B.S.S, feminino, 13 anos, portadora de fibrose cística com genética F508del/S549R. Paciente grave, dependente de oxigênio 24 horas e em uso de BIPAP noturno, apresentando 11 internações hospitalares por exacerbação pulmonar em 2022. Apresentou hemoptises recidivantes e foi submetida a 3 broncoscopias e embolização de artérias brônquicas sem identificação do foco do sangramento. Cloro no suor (2020): 98 mmol/L (coulorimetria) e VEF1 51%. Prescrito Ivacaftor em 2022 e após 6 meses não houve melhora clínica nem da função pulmonar (VEF1 41%), mantendo mesma frequência de internações e sem diminuição do nível de cloro no suor (93). Foram suspensos medicamentos que podem ter interação medicamentosa com o Ivacaftor mas paciente permaneceu sem apresentar melhora. Considerada então a hipótese de falha de tratamento. Em fevereiro de 23, iniciou Trikafta (elexacaftor, tezacaftor e ivacaftor). Após 3 meses de uso, mãe refere melhora clínica, com tosse menos secretiva e somente 1 internação no período. Porém, não houve queda do teste de cloro no suor (98) e apresentou nova exacerbação pulmonar com internação hospitalar e hemoptises diárias sem resolução após nova embolização de artérias brônquicas. Questionada nova falha terapêutica aos moduladores de CFTR e optado por prioriza-lá ao transplante pulmonar. Foi transferida ao InCor e submetida a transplante pulmonar. Não apresentou intercorrências no procedimento. Discussão: Fibrose Cística é doença genética, crônica e progressiva. Paciente apresenta secreções mucosas espessas e viscosas, obstruindo ductos das glândulas exócrinas, que contribuem para surgimento de doença pulmonar obstrutiva crônica progressiva. A mutação mais frequente no gene CFTR é a ΔF508. As complicações respiratórias são as principais causas de morbimortalidade no fibrocístico. Uma das complicações mais graves da doença é a hemoptise maciça. A inflamação crônica e a hipóxia têm possíveis efeitos proliferativos na circulação brônquica. As artérias se tornam tortuosas, aumentadas e friáveis, o que favorece o sangramento em direção às vias aéreas. A embolização arterial brônquica é o tratamento de escolha para pacientes com hemoptise maciça. Em 2018, o medicamento Ivacaftor foi aprovado pela Anvisa especificamente para as mutações de gatting. Em 2021, foi aprovado pela Food and Drug Administration nos EUA o uso do Trikafta (elexacaftor / tezacaftor / ivacaftor ) para crianças com fibrose cística entre 6 e 11 anos e que apresentam pelo menos uma cópia da mutação F508del no gene regulador da condutância transmembrana da fibrose cística (CFTR). Conclusão: A paciente do estudo, não apresentou resposta ao tratamento com Ivacaftor e apresentou resposta parcial ao Trikafta, permanecendo com agudizações e hemoptises frequentes como complicações da doença. Foi beneficiada com transplante pulmonar como alternativa terapêutica.

Área

Pneumopediatria

Instituições

USP - instituto da criança - São Paulo - Brasil

Autores

STEFANIE YAEMI TAKITA, JAMILLY DYENNE MELAO FERNANDES, ANA LIVIA FELIPPE DA SILVA PASQUA, ANA PAULA PASTUCH, CAMILA MARIA LOURINHO PEREIRA, IURI ADONIS DE SOUZA NASCIMENTO, JULIANA BASTISTA RODRIGUES, RAISA AGUIAR SALVADOR, LETICIA COLE DE MELO, CLEYDE MYRIAM AVERSA NAKAIE, LUIZ VICENTE RIBEIRO FERREIRA DA SILVA FILHO, SILVIA ONODA TOMIKAWA TANAKA, JOAQUIM CARLOS RODRIGUES, TALIA ANDREA SORIA MUÑOZ