Dados do Trabalho


Título

ESTUDO DA ASSOCIAÇAO ENTRE DPOC E PERDA AUDITIVA COM RECONHECIMENTO DE FALA PREJUDICADO.

Introdução

A perda auditiva (PA) é, globalmente, o déficit sensorial mais frequente, (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – OMS, 2019), enquanto dados epidemiológicos no país obtidos em 2018 indicam a prevalência de DPOC em 17% dos adultos acima de 40 anos (CRUZ; PEREIRA, 2018). Quando combinadas estas patologias, estudos sugerem que os portadores de DPOC possuem média de tons puros na audiometria mais elevados quando comparados a grupos controles saudáveis.

Objetivos

Este estudo teve como objetivo analisar a relação entre DPOC e perda auditiva que comprometa a recepção e compreensão da fala, para assim conseguir analisar o possível impacto da perda auditiva na comunicação deste indivíduo.

Métodos

Foram convidados para participar pacientes com asma e DPOC encaminhados pela Prefeitura Municipal de Jundiaí para realização de espirometria na Faculdade de Medicina de Jundiaí. Todos os pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde do município fazem espirometria na FMJ, portanto, a amostra deste estudo é representativa desta população.
Foi utilizado um grupo controle de asmáticos a fim de equiparar os grupos em relação a comorbidades, uso de corticoides orais e inalatórios e antibióticos. Além disso, os participantes foram equiparados em idade.
Foram realizados testes específicos de fala como o SRT (Speech Recognition Test) e o IRF (ìndice de Reconhecimento de Fala), em ambiente e padrão controlados e estes classificados de acordo com o Manual de audiologia do Conselho Federal de Fonoaudiologia, 2020.

Resultados

Os resultados deste estudo demonstraram que os indivíduos com DPOC têm pelo menos 38% mais risco de perda auditiva no reconhecimento de fala em comparação com o grupo controle de asmáticos, de acordo com o limite inferior do intervalo de confiança do menor odds ratio ajustado. Idade, sexo e comorbidades não influenciaram essa associação porque os grupos foram pareados por idade e as análises foram ajustadas para essas covariáveis.
A diferença entre nosso estudo e publicações anteriores é que aplicamos testes em ambiente controlado para identificar perdas auditivas com reconhecimento de fala reduzido, enquanto estudos anteriores mediram a perda de recepção sonora em frequências não relacionadas especificamente à fala. Portanto, até onde sabemos, nosso estudo é a primeira evidência de que indivíduos com DPOC correm risco de perda auditiva clinicamente significativa, que impacta na comunicação e interlocução.

Conclusões

Concluímos, portanto, que indivíduos com DPOC de unidades de saúde primárias e secundárias têm risco pelo menos 38% maior de perda auditiva que comprometa a comunicação. Portanto, recomendamos estudos para avaliar se a triagem regular e intervenção precoce podem contribuir para a prevenção ou controle da perda auditiva em indivíduos com DPOC.

Área

DPOC

Instituições

Faculdade de Medicina de Jundiaí - São Paulo - Brasil

Autores

LETICIA BELLEZE, MONIQUE OLIVIA BURCH, LUCIANA APARECIDA TEIXEIRA SOARES, VIVIANE MARTORI PANDINI, RAQUEL PRESTES, JESSICA REGINA BERTOLINO, RONEI LUCIANO MAMONI, EDUARDO VIEIRA PONTE