Dados do Trabalho


Título

TUMOR FIBROSO SOLITÁRIO DE PLEURA

Descrição do caso

Justificativa: apresentar um caso de tumor fibroso solitário, raro tumor pleural, com aproximadamente 800 casos na literatura.
HPMA: masculino, 46 anos, eletricista, referia dor em região lateral esquerda do tórax há 8 meses, de intensidade 8/10, pior ao decúbito lateral esquerdo, associada a dispneia aos esforços moderados e tosse, além de perda de 14 kg. Avô, pai e um tio com câncer de próstata e um tio com câncer de laringe. Ex-tabagista há 2 anos, carga tabagística de 30 a/m.
Exame físico: SpO2 96%, expansibilidade torácica preservada bilateralmente, dor à palpação de região lateral de hemitórax esquerdo, sons pulmonares presentes bilateralmente, diminuídos em base esquerda, com FTV diminuído em mesmo local.
Exames laboratoriais sem alterações. Radiografia de tórax: opacidade em base direita. TC de tórax: volumosa massa junto aos segmentos basais do lobo inferior esquerdo, com amplo contato pleural, levemente heterogênea, sem invasão de estruturas adjacentes, medindo 13,0 x 8,5 cm e determinando atelectasia do parênquima pulmonar adjacente.
Evolução: paciente foi submetido a biópsia percutânea da massa, com a suspeita de tumor fibroso solitário de pleura (TFSP), que evidenciou tecido conjuntivo denso, sem sinais de malignidade. A seguir foi indicada toracotomia exploratória com possível lobectomia inferior esquerda.
Avaliação pré-operatória: Triagem para avaliação cardiovascular com o escore ThRCRIC = 0. VEF1/CVF 0,80 (91%); CVF 3,07 (71%); VEF1 2,44 (69%) sem resposta ao broncodilatador; DLCO 27,18 (101%); VEF1 ppo = 54% e DLCO ppo = 79%; shutle test com dessaturação de 94 para 89%; TECP máximo: VO2 pico = 30 ml/kg/min, inferindo risco de operabilidade baixo, porém slope VE/VCO2 muito baixo e expiratório final de CO2 elevado, alterações compatíveis com hipoventilação.
Intra-operatório: ressecção de tumor em cavidade pleural à esquerda de 17cm no seu maior comprimento e 816 gramas.
Anátomo-patológico: lesão neoplásica mesenquimal, imuno-histoquimica com achados positivos para CD34, STAT 6, e D2-40, confirmando o diagnóstico de TFSP.
45° dia de pós-operatório: melhora da dor em região lateral de hemitórax, sem dispneia, tosse ou outras queixas. VEF1/CVF 0,82 (101%); CVF 2,92 (52%); VEF1 2,40 (52%); shutle test com dessaturação de 98 para 91%.
Discussão: TFSP é um tumor mesenquimal que apresenta características fibroblásticas, e geralmente se origina da pleura visceral. É na maioria das vezes assintomático e descoberto acidentalmente. Sinais e sintomas como dispneia e dor torácica geralmente estão associados a tumores maiores e malignos. O diagnóstico é feito com base em achados patológicos, especialmente imuno-histoquímica. A excisão cirúrgica completa é o tratamento de escolha e o único tratamento efetivo. O prognóstico é favorável para os TFSP benignos ressecados completamente, e desfavorável para os malignos. Atualmente, não há evidências na literatura que suportem radioterapia ou quimioterapia adjuvante após ressecção de tumores maligno.

Área

Doenças Pleurais

Instituições

UNIFESP/EPM - São Paulo - Brasil

Autores

AMANDA PORTELA SILVA, ISABELLA METRAN DOURADO, SARA RAMILO TENCARTE, MARIANA LAFETÁ LIMA, SONIA MARIA FARESIN, LIVIA AKEMI RAMOS TAKAHASHI, LUISA BEISMAN MORAES, ERNESTO EVANGELISTA NETO