Dados do Trabalho


Título

DOENÇA PULMONAR EOSINOFILICA SECUNDARIO A EXPOSICOES: UM RELATO DE CASO

Descrição do caso

INTRODUÇÃO
As doenças pulmonares eosinofílicas constituem um grupo diverso de distúrbios caracterizados por um número elevado de eosinófilos no parênquima pulmonar e nas vias aéreas. Durante a investigação, é importante reconhecer as diversas patologias englobadas nesse grupo de doenças, sendo necessário a investigação direcionada.

RELATO DE CASO
Paciente de 52 anos, sexo feminino, ex tabagista em cessação há um mês (carga tabágica de 30 anos/maço) apresentava dispneia aos moderados esforços e tosse seca há cerca de 2 anos, com piora há 30 dias. Foi diagnosticada com DPOC e iniciado uso de dispositivos inalatórios, mas sem melhora. Refere também episódios de piora aguda dos sintomas respiratórios, maioria delas com a impressão de quadro viral sendo prescrito cursos de corticoide oral com melhora notável. Em um desses atendimentos em novembro de 2020, realizado tomografia de tórax que constatou opacidades em vidro fosco peribroncovasculares esparsas bilaterais, interpretado como quadro infeccioso viral inespecífico. Em junho de 2023, apresentou piora insidiosa dos sintomas, quando, durante investigação, foi descoberto que previamente ao início do quadro havia aumentado sua carga tabágica e iniciado uso de Desvenlafaxina. Exames laboratoriais demonstravam eosinofilia periférica de junho de 2023, de 1285 (14%) e 1465 (18%), e lavado broncoalveolar apresentava eosinofilia de 40%. Devido a suspeita de doença pulmonar eosinofílica, possivelmente associada ao uso de desvenlafaxina ou tabagismo, foi orientado a suspensão do medicamento e reforçado a cessação do tabagismo. Após um mês paciente retorna assintomática e com queda dos eosinófilos para 488 (8,8%). Nova prova de função pulmonar normal e imagem pulmonar com resolução do vidro fosco difuso, persistindo apenas áreas de atenuação em mosaico.

DISCUSSÃO
Descrevemos um caso de uma paciente do sexo feminino, de meia-idade, apresentando sintomas respiratórios inespecíficos e eosinofilia, associado a alteração parenquimatosa na tomográfia de tórax, sendo a doença pulmonar eosinofilica a principal hipótese diagnostica. Apesar da eventual dificuldade, a correta distinção entre as apresentações de doença pulmonar eosinofílica é de extrema importância, tendo impacto tanto no tratamento como no prognóstico do paciente. No presente caso o tabagismo e a eosinofilia pulmonar induzida por drogas são possibilidades, apesar da associação com Venlafaxina ser melhor descrita.
O caso em questão demonstra a dificuldade de investigação e confirmação etiológica dentro da síndrome pulmonar eosinofílica, muitas vezes por sobreposição entre os achados clínicos, radiológicos e exposições, reforçando a necessidade de uma história clínica detalhada, incluindo histórico medicamentoso e de possíveis exposições, além de uma investigação adicional, muitas vezes necessitando exames invasivos.

Área

Outros

Instituições

USP - São Paulo - Brasil

Autores

CESAR PIRAJÁ BANDEIRA, ISABELA SCHOENACKER CAUZZO, UBIRATAN DE PAULA SANTOS