Dados do Trabalho


Título

IMUNODEFICIENCIA COMUM VARIAVEL NO CONTEXTO DA COVID-19

Descrição do caso

INTRODUÇÃO: A imunodeficiência primária trata-se de um distúrbio genético que compromete a função do sistema imunológico, tornando os indivíduos afetados mais suscetíveis a infecções recorrentes, afetando a gravidade de doenças como a Covid-19. No seguinte caso mostra a importância da investigação minuciosa mais intervenção terapêutica direcionada e como a imunodeficiência primária apresentou-se durante a pandemia Covid-19. RELATO DE CASO: Paciente do sexo feminino, 26 anos, nega consumo de álcool ou tabaco, apresenta quadros de pneumonias de repetição há 3 anos após infecção por SARS-CoV-2. Informa histórico de asma desde a infância, em uso de corticoide inalatório de forma irregular. Na família, a tia materna tem Tireoidite de Hashimoto. Em março de 2023, após apresentar tosse produtiva, febre, dor torácica e dessaturação, foi diagnosticada com pneumonia associada à derrame pleural à esquerda. Necessitou de múltiplos esquemas de antibióticos sem melhora expressiva, sendo encaminhada para internação no HC-UFG em abril de 2023. A tomografia de tórax apresentou derrame pleural loculado e toracoscopia com pleurite agudizada não granulomatosa e inespecífica. Análise do líquido pleural com BAAR; GRAM; TRM-TB; cultura de fungos, bactérias aeróbias e micobactérias negativos. Paciente recebeu alta hospitalar após melhora do quadro geral com prescrição de clenil 200 mcg. Após 1 mês, retornou com um quadro de infecção das vias aéreas superiores e agravamento da tosse com escarro amarelado. Nova tomografia de tórax revelou aumento bilateral de nódulos centrolobulares nos ápices pulmonares, indicando processo inflamatório infeccioso. A tomografia dos seios da face evidenciou espessamento mucoso moderado e difuso nas cavidades paranasais e por preenchimento líquido. A broncoscopia evidenciou sinais de inflamação crônica na árvore brônquica e a endoscopia digestiva alta indicou sinais sugestivos de esofagite eosinofílica. Diante dos episódios de pneumonia de repetição, sinusite e ceratite herpética recente, suspeitou-se de uma possível imunodeficiência primária. Na investigação apresentou redução nas imunoglobulinas IgA, subclasses de IgG, células NK, gamaglobulinas e B-2 globulina, e anti-HBs não reagentes. Com base nesses achados, foi instituído o tratamento para imunodeficiência comum variável (IDCV) com predomínio humoral combinado ao uso de broncodilatadores. A paciente obteve melhora clínica e progresso nos exames laboratoriais, dispensando o suporte de oxigênio domiciliar. DISCUSSÃO: Achados imunológicos associados à história clínica corroboram a hipótese de IDCV e o tipo de imunodeficiência torna-se relevante ao tratamento¹. Durante pandemia Covid-19 pacientes com ICV apresentaram maior morbidade e até mesmo atraso no diagnóstico da imunodeficiência². Portanto, esse caso clínico reforça a necessidade de se realizar uma análise imunológica de pacientes com histórico clínico compatível, especialmente nos casos iniciados durante ou após Covid-19.

Área

Outros

Instituições

Hospital das Clínicas de Goiás - UFG - Goiás - Brasil

Autores

ANA CAROLINE FREITAS DE MELO, MARCELO FOUAD RABAHI, DANIELA GRANER SCHUWARTZ TANNUS , LORENNA JUNQUEIRA ALMEIDA PRADO, AMANDA DA ROCHA OLIVEIRA CARDOSO, FLAVIA CASTRO VELASCO, ANNA CAROLINA GALVÃO FERREIRA, RAFAELLA OLIVEIRA CURTI PIMENTEL, LAIS ROCHA LOPES, MATHEUS RABAHI, ISABELLA SOARES DOMINGOS DE SOUSA, VINICIUS DOS SANTOS ROMAO, THALLES PIRES DE OLIVEIRA, SABRINA NUNES DE OLIVEIRA, MATHEUS ABNER DE QUEIROZ, KAIO PALMEIRA RIBEIRO, MARYANA OLIVEIRA CURTI