Dados do Trabalho


Título

TROMBOEMBOLISMO PULMONAR EM PACIENTES COM COVID-19: INCIDENCIA E APRESENTAÇAO DO ACOMETIMENTO PULMONAR

Introdução

O tromboembolismo pulmonar (TEP) constitui um dos componentes do tromboembolismo venoso, e assim a 3ª causa mais comum de síndrome cardiovascular aguda, porém tem apresentação clínica inespecífica. Para o diagnóstico definitivo de TEP, que é potencialmente tratável, se preconiza a avaliação por imagem, sendo a angiotomografia de artérias pulmonares (ANGIO-TC) a modalidade de escolha. É sabido que a associação entre TEP e COVID-19 resulta em um maior risco de vida se comparado a TEP isolada no ambiente intra-hospitalar.

Objetivos

Descrever os achados tomográficos compatíveis com TEP em pacientes com diagnóstico de COVID-19. Analisar a incidência do tromboembolismo pulmonar (TEP) em pacientes hospitalizados com diagnóstico de COVID-19.

Métodos

Estudo observacional do tipo coorte retrospectiva, descritivo, com uso de dados de prontuários eletrônicos de pacientes acima dos 18 anos, com COVID-19 admitidos e acompanhados em um Hospital de atendimento particular e público entre abril de 2020 e abril de 2021, com aprovação do comitê de ética em pesquisa da instituição. Definiu-se as variáveis de interesse como dados sociodemográficos, dados clínicos, comorbidades, achados radiológicos e laboratoriais. Quanto à análise estatística, para as variáveis quantitativas foram aplicados os testes de Shapiro-Wilk e/ou Kolmogorov-Smirnov e cálculo das medidas de tendência central. Além disso, para as variáveis quantitativas não gaussianas, foram utilizadas medianas e intervalo-interquartil. Já para as variáveis gaussianas, média e desvio padrão. Para as qualitativas, foram calculadas porcentagens válidas e frequências absolutas.

Resultados

Foi verificado um total de 1822 pacientes com COVID-19, dos quais 64 apresentaram diagnóstico de TEP, com incidência de 3,51% (IC 95%: 2,74 a 4,43). Na apresentação tomográfica foi encontrado: opacidade em vidro fosco (83,1%), consolidação (59,3%), pavimentação em mosaico (40,7%), atelectasia (37,3%), derrame pleural (32,2%), Bronquiolite obliterante com pneumonia em organização (6,8%), e sinal do halo invertido (5,1%). A distribuição do êmbolo na ANGIO-TC revelou um padrão de acometimento periférico, em razão das artérias segmentares/subsegmentares terem sido mais frequentemente envolvidas em comparação com as artérias principais/lobares (76,2% versus 23,8%). Também foi evidenciado predomínio unilateral (64,4%) ao bilateral. Do total, 72,9% apresentaram extensão leve a moderada do acometimento pulmonar, enquanto 27,1% a grave.

Conclusões

A apresentação tomográfica de pacientes hospitalizados com COVID-19 pode mimetizar alterações parenquimatosas associadas ao TEP, já que sobrepõe achados de ambas as doenças quando associadas. Ademais, a localização predominantemente periférica do TEP na COVID-19 sugere um papel importante da imunotrombose local. Assim, como a TC de tórax é usada na prática rotineira do diagnóstico de COVID-19, TEP deve ser suspeitado apesar da baixa incidência demonstrada no estudo.

Área

Doenças Vasculares Pulmonares

Instituições

EBMSP - Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública - Bahia - Brasil, Hospital Santa Izabel (HSI) – Santa Casa da Bahia - Bahia - Brasil

Autores

RODRIGO COSTA MICHELI XAVIER, JAMOCYR MOURA MARINHO