Dados do Trabalho


Título

INFECÇAO PULMONAR POR METAPNEUMOVIRUS

Descrição do caso

Introdução: Os vírus são importantes patógenos causadores de pneumonia hospitalar e da comunidade. A pneumonia viral é mais comum em crianças, em idosos e em pessoas imunocomprometidas. Após a pandemia causada pelo SARS-CoV-2, a reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR) passou a ser amplamente difundida para detectar vírus respiratórios, possibilitando identificar vírus anteriormente não reconhecidos ou subestimados. Objetivo: Relatar um caso de pneumonia viral por metapneumovírus humano. Relato de caso: Masculino, 53 anos, portador de doença renal crônica não dialítica e hipertensão arterial sistêmica, foi internado na UTI do Hospital São Paulo, devido hipercalemia e acidose metabólica. Após dois dias de internação, queixou-se de tosse seca, iniciada três dias antes da internação, além de odinofagia e diarreia. Negou dispneia, congestão nasal ou coriza e não apresentou febre. Ao exame físico, apresentava crepitações finas em terço inferior e posterior do hemitórax direito, sem sinais de desconforto respiratório. Na tomografia de tórax, havia vidro fosco mais evidente em regiões posteriores dos lobos inferiores. Devido suspeita de infecção viral, foram solicitados testes para detecção do vírus SARS-CoV-2 e Influenza, cujos resultados foram negativos. Visto que paciente não apresentava sinais clínicos nem exames laboratoriais que sugerissem outros diagnósticos diferenciais, como congestão pulmonar, broncoaspiração ou hemorragia alveolar, foi realizada a pesquisa de outros vírus e constatou-se PCR positiva para Metapneumovírus, cujo limite de ciclo foi de 27, valor que reflete alto contágio. O paciente foi mantido em isolamento respiratório por sete dias, recebeu oxigenoterapia em baixo fluxo por 48 horas, evoluindo com estabilidade clínica e melhoria do padrão evacuatório, sem necessidade de suporte de UTI. Discussão: O metapneumovírus humano (HMPV) é causa comum de infecções do trato respiratório, sendo as das vias aéreas inferiores as mais frequentes. Geralmente, a infecção ocorre nos primeiros cinco anos de idade, podendo ocorrer reinfecção ao longo da vida. É transmitido através de gotículas respiratórias, com período de incubação entre três e cinco dias. Os sintomas variam desde tosse, rinorreia, congestão nasal e dor de garganta até pneumonia, bronquiolite, bem como exacerbações agudas de asma e de doença pulmonar obstrutiva crônica. Infecções graves estão associadas, geralmente, a imunossupressão. Sintomas gastrointestinais e otite média aguda também foram observados. A confirmação diagnóstica é feita pela reação por RT-PCR a partir de swabs nasofaríngeos. Todos os pacientes com HMPV devem ser colocados em precauções de gotículas para limitar e prevenir a propagação. A base do tratamento são medidas de suporte com oxigênio suplementar, agentes antipiréticos e hidratação com fluidos intravenosos. Ainda não há vacina disponível para o HMPV.

Área

Infecções respiratórias e Tuberculose

Instituições

Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo - Brasil

Autores

LUDMILA SILVA ATHAYDE, SONIA MARIA FARESIN, PAULO CESAR BASTOS VIEIRA, LARA MARIA VAGO, RUBENS RIBEIRO