Dados do Trabalho


Título

REAÇAO URTICARIFORME APOS USO DE ELEXACAFTOR/TEZACAFTOR/IVACAFTOR - RELATO DE CASO

Descrição do caso

Introdução: A fibrose cística (FC) é uma doença hereditária, multissistêmica e progressiva, causada por mutações no gene CFTR (1), cujo tratamento foi transformado com a introdução dos moduladores do CFTR nos últimos anos (2). O elexacaftor/tezacaftor/ivacaftor (ETI), um dos mais recentes desses moduladores (1,3), é a combinação de dois corretores e um potencializador e se mostrou eficaz e seguro para uso em pacientes com uma ou mais variantes F508del (4).
Objetivo: Relatar caso de reação urticariforme relacionado ao uso de ETI em paciente pediátrica.
Métodos: Relato de caso com informações de prontuário médico e revisão de literatura em base de dados PubMed.
Relato do caso: Paciente B.B.P, sexo feminino, 14 anos, procedente de Santo André-SP, portadora de FC, genética F508del homozigoto, em uso de modulador ETI desde 19/04/23. Após 3 semanas do início da medicação iniciou quadro de lesões eritematosas com bordas elevadas, com áreas de pele saudável de permeio, difusamente distribuídas por todo o corpo, mais intensas em tronco e membros inferiores, associadas a prurido intenso. Em dois dias houve piora das lesões procurou pronto atendimento, sendo prescrito prednisona 40mg e anti-histamínico. Após 3 dias, passou em consulta no ambulatório de Pneumologia Pediátrica, sem melhora do quadro. Optado por manter prednisona 40mg por mais 5 dias e anti-histamínico e retirado o modulador por 1 semana. Paciente evoluiu com melhora gradual das lesões e do prurido, tendo sido retornado uso do modulador em dias alternados por 2 semanas e a seguir retorno à dose habitual sem reincidência do quadro.
Discussão: Dentre os efeitos colaterais descritos em estudos fase III da terapia com ETI, o rash cutâneo esteve presente em aproximadamente 10% dos pacientes (1,3,4). A reação urticariforme após início do uso de ETI foi descrito por alguns autores em relatos de caso (2,3,5,6,7). Nos relatos prévios, a reação se apresenta após cerca de 1 semana de início da terapia com ETI (2,5,6,7), na maioria dos casos as lesões não se resolveram apenas com o uso de corticoesteroide oral e anti-histamínico, sendo necessária interrupção da medicação por 7 a 40 dias (2,7). Em outro relato, devido a significativa melhora clínica apresentada, apesar da sintomatologia, a paciente não interrompeu o uso medicamento, mantendo uso de anti-histamínico oral, com melhora gradual das lesões após 5 dias (5). Pensando em evitar a descontinuidade da medicação, foram propostos protocolos para dessensibilização mantendo o uso da medicação, com sucesso em pacientes adultos (8).
Conclusão: Dado o grande benefício clínico do uso dos moduladores de CFTR para os pacientes com FC, torna-se relevante maiores estudos quanto aos mecanismos envolvidos nas reações urticariformes relacionadas ao uso do ETI, particularmente opções de protocolos de dessensibilização sem interrupção da medicação para a faixa etária pediátrica.

Área

Pneumopediatria

Instituições

Instituto da Criança HC FMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

JULIANA BATISTA RODRIGUES, RAISA AGUIAR SALVADOR, ANA LIVIA FELIPPE DA SILVA PASQUA, ANA PAULA PASTUCH, CAMILA MARIA LOURINHO PEREIRA, IURI ADONIS DE SOUZA NASCIMENTO, JAMILLY DYENNE MELAO FERNANDES, LETICIA COLE DE MELO , STEFANIE YAEMI TAKITA, LUIZ VICENTE RIBEIRO FERREIRA DA SILVA FILHO, CLEYDE MYRIAM AVERSA NAKAIE, SILVIA ONODA TOMIKAWA TANAKA, JOAQUIM CARLOS RODRIGUES, TALIA ANDREA SORIA MUNOZ