Dados do Trabalho


Título

BRONQUITE PLASTICA EM PACIENTE PEDIATRICO

Descrição do caso

Introdução: A Bronquite Plástica é um diagnóstico raro, de prevalência desconhecida, caracterizado pela expectoração de conteúdo mucofibrinoide com formato da árvore brônquica. Relatos em literatura incluem como causas: pós-operatório cardíaco, após quadros inflamatórios/infecciosos em geral, consequência de anormalidades do tecido linfático, de hemoglobinopatias, entre outras. Clinicamente, os pacientes podem apresentar dispneia, tosse produtiva, sibilância e desconforto respiratório. Os exames de imagem de tórax são inespecíficos, com atelectasias, consolidações e sinais de broncopatia. O diagnóstico é confirmado pelo aspecto do escarro (molde de árvore brônquica) e pelo anatomopatológico.
Relato: R.C.L.B. feminino, 7 anos, portadora de Síndrome de Noonan, Hipoaldosteronismo, Hipotireoidismo primário e Cardiopatia Congênita não corrigida, em fila de transplante cardíaco (DSAV predomínio de CIA, estenose pulmonar valvar), deu entrada no Pronto Socorro com relato de 20 dias de tosse produtiva sem febre associada, com piora progressiva e expectoração espessa. Raio-X de Tórax apresentava opacidades bilaterais e cardiomegalia. Exame físico com taquidispneia, estertores difusos e roncos de transmissão, saturação de 83% (basal).
Optou-se pelo tratamento com Ceftriaxona e retornos diários para reavaliação. No terceiro dia, presenciada expectoração com conteúdo de molde de árvore brônquica. Frente à hipótese diagnóstica de Bronquite Plástica, foi indicada internação para Broncoscopia, higienização brônquica e retirada de material que potencialmente é causa de asfixia e insuficiência respiratória. Paciente foi avaliada pela equipe de Cardiologia Pediátrica, considerada estável do ponto de vista cardiológico e liberada para o exame. Prescrita inalação com Solução Salina Hipertônica a 3%, N-Acetil cisteína via oral e Azitromicina por 7 dias.
Exame anatomopatológico do escarro: material fibrinoleucocitário com grupamentos de histiócitos xantomizados, ausência de granulomas ou elementos de malignidade, histoquímica negativa para agentes infecciosos. Outros exames: PCR-COVID19 negativo, eletroforese de hemoglobina normal.
Broncoscopia: retirada de grande quantidade de secreção com morfologia de árvore brônquica, com impactação de vias aéreas inferiores à direita.
Evolução: Paciente evoluiu com insuficiência cardíaca, insuficiência renal aguda e necessidade de manter intubação orotraqueal com parâmetros elevados para manter saturação basal, bem como droga vasoativa. Atualmente está em desmame de parâmetros ventilatórios e de drogas vasoativas.
Conclusão: O diagnóstico de bronquite plástica é raro, principalmente em pacientes pediátricos, e potencialmente fatal. A determinação da causa nem sempre é possível, porém não implica no tratamento imediato. Em pacientes com doenças prévias, neste caso a cardiopatia, deve-se ponderar o risco-benefício para realização da Broncoscopia, considerando o risco potencial de asfixia e de descompensação da doença de base.

Área

Pneumopediatria

Instituições

Instituto da Criança da FMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

LETÍCIA COLE DE MELO, JAMILLY DYENNE MELAO FERNANDES, STEFANIE YAEMI TAKITA, JULIANA BATISTA RODRIGUES, RAISA AGUIAR SALVADOR, IURI ADONIS DE SOUZA NASCIMENTO, ANA PAULA PASTUCH, ANA LIVIA FELIPPE DA SILVA PASQUA, CAMILA MARIA LOURINHO PEREIRA, CLEYDE MYRIAM AVERSA NAKAIE, SILVIA ONODA TOMIKAWA TANAKA, LUIZ VICENTE RIBEIRO FERREIRA DA SILVA FILHO, JOAQUIM CARLOS RODRIGUES, TALIA ANDREA SORIA MUNOZ, YANCA LACERDA ALBUQUERQUE, KARINA EMY ARAI