Dados do Trabalho


Título

FISTULA TRAQUEOESOFAGICA IATROGENICA: RELATO DE CASO

Descrição do caso

INTRODUÇÃO
As fístulas traqueoesofágicas (FTE) são caracterizadas por uma comunicação anormal entre traquéia e esôfago. As principais causas são: intubação prolongada e trauma.
O diagnóstico é feito por meio de exame físico, tomografia computadorizada e endoscopia. O planejamento cirúrgico é por meio da broncoscopia rígida e o tratamento definitivo preferencial é cirúrgico, quando clinicamente possível.
RELATO DO CASO
Mulher, 33 anos, encaminhada ao serviço com queixa de vômitos, engasgos e febre há 3 dias. A paciente refere internação prévia em outro serviço, por 2 meses em 2021, devido a COVID grave. Relata intubação orotraqueal por 17 dias além de traqueostomia com decanulação após 1 mês. Após 10 dias da alta hospitalar procurou serviço.
Apresentava-se em REG, emagrecida, desidratada (1+/4) e cicatriz de traqueostomia prévia. No exame físico respiratório apresentava MV reduzido nas bases pulmonares. Exames laboratoriais apresentavam leucocitose e PCR elevado.
A TC de tórax apresentava ectasia esofágica, com sinais sugestivos de FTE. Na endoscopia, nota-se orifício ovalado após 25cm da arcada dentária superior com 1,5 cm de diâmetro e comunicando a luz esofágica à da traquéia. Na broncoscopia, nota-se trajeto fístuloso na parede posterior da traqueia, a 3cm das pregas vocais e com 1cm de extensão.
Devido aos sinais encontrados próximos à traqueostomia, o diagnóstico foi de FTE iatrogênica. A paciente foi submetida a conduta pré operatória com ATB oral, por 20 dias, e fisioterapia respiratória, por 10 meses, também foi realizada gastrostomia. A cirurgia ocorreu em um mesmo tempo anestésico, foi realizada cervicotomia em colar + traqueoplastia + esofagorrafia com drenagem em tubo T e cervical. A paciente foi extubada ao final do procedimento.
A paciente evoluiu sem complicações no PO e permaneceu internada por 15 dias. A broncoscopia do 7° PO apresentou anastomose traqueolaringo-traqueal termino-terminal compatível com status pós cirúrgico sem complicações. A retirada do dreno cervical foi realizada no 30° PO e no 75° PO a gastrostomia foi retirada. Paciente apresenta-se atualmente em PO de 11 meses sem recidiva e intercorrências.
DISCUSSÃO
Cerca de 75% das fístulas FTEs não oncológicas são decorrentes de intubação prolongada, entretanto, é uma complicação com incidência baixa de 0.4% a 3%.
A conduta pré operatória consiste na reabilitação pulmonar para evitar a ventilação mecânica no PO e a prevenção de infecções. Os pacientes sem necessidade de suporte ventilatório apresentam mortalidade entre 0.5% a 10.5%, os pacientes com demanda de ventilação apresentam mortalidade de 18.9. Além disso, a infecção pulmonar de repetição (por broncoaspiração) é a principal complicação da FTE.
A cirurgia de eleição foi de tempo único, realizada por cervicotomia com ressecção + anastomose. Esta abordagem é preferível à ressecção simples pois apresenta menor reincidência. As complicações comuns são: deiscência anastomótica, enfisema e pneumomediastino.

Área

Cirurgia Torácica

Instituições

Faculdade de Ciências Médicas Santa Casa de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

ANTONIETTA BRECHES ROSSETTO, CRISTAL GEOVANA BARUFF DE BRITO CUNHA, MARIANA PRADO FONTANA, VICENTE DORGAN NETO, PAULO FABRICIO STANKE, RODRIGO TOSHIO SAKAE, SILVANA DANIELA CESPEDES GOMEZ, LUIS GUILHERME SANTOS MAKSOUD, ANDRESSA BEBER CASTILHO, ROBERTO SADD JUNIOR, MARCIO BOTTER