Dados do Trabalho

Título

MASSA EM PAREDE TORÁCICA ANTERIOR SIMULANDO TUMOR DE MAMA

Descrição do caso

Justificativa da relevância:
Tumores próximos à região mamária deixam dúvidas sobre sua origem, esse relato mostra a dificuldade diagnóstica e também de decisão e tratamento.
História atual e pregressa
​Paciente feminina, 62 anos, encaminhada de unidade básica de saúde ao ambulatório de mastologia, com história de nódulo na mama direita com crescimento progressivo há 3 anos e sem sintomas.
A paciente foi inicialmente acompanhada pela equipe da mastologia e durante a avaliação por imagem, foi constatada que a massa de 7,0 cm de diâmetro possuía localização retropeitoral, com isso foi encaminhada à equipe de cirurgia torácica. Queixava-se de redução da mobilidade e dor à movimentação do braço direito. Foi identificada relação de proximidade com as costelas.
Exame físico
​No exame geral não foram identificadas alterações. No exame específico das mamas e parede torácica anterior, foi identificada massa de aproximadamente 7,0 centímetros de diâmetro, localizada na face lateral do músculo peitoral maior direito e posterior à mama, móvel em maior parte.
Exames complementares
​As mamografias prévias constataram uma lesão que simulava um tumor de mama com crescimento progressivo. Nas avaliações recentes, a ressonância magnética evidenciou uma massa de 4,4 x 5,1 x 6,5 cm de dimensão e localização retropeitoral, próxima aos arcos costais e deixando dúvida sobre o envolvimento das costelas. Realizada biópsia por agulha grossa, cujo anatomopatológico (AP) evidenciou presença de tecido adiposo, sem atipias.
Diagnóstico
​Massa adiposa, com crescimento lento.
Evolução
Foi submetida à ressecção operatória. A lesão mostrava-se encapsulada, apenas com um ponto mais aderido no espaço intercostal anterior, sem sinais de invasão. Após a exérese da massa, foi realizado exame AP e estudo imuno-histoquímico, que mostrou tumor lipomatoso atípico (lipossarcoma bem diferenciado) com S100, Ki67 (presente em cerca de 2% das células) e CD34 (presente em vasos) positivos.
Discussão
Os tumores lipomatosos atípicos ou lipossarcomas bem diferenciados devem ser ressecados completamente quando possível. Essas lesões com crescimento lento, podem ter aspecto de benignidade nos exames de imagem, mas frente ao crescimento devemos agir. A localização retropeitoral identificada neste caso é um achado pouco frequente em doenças do tecido adiposo. A biópsia que mostrou ausência de sinais de atipias não é infrequente e pode dificultar o diagnóstico correto da lesão, principalmente pelo pouco tecido representado. O tratamento de escolha é a ressecção completa, como foi realizado nesta paciente.
Chamamos atenção também à necessidade de exame cuidadoso em lesões próximas às mamas, principalmente aquelas que mostram algum grau de aderência ou maior proximidade com a parede torácica. Nem sempre lesões que se projetam na região mamária, são realmente tumores de mama. A Ressonância Magnética ajudou bastante na definição da origem neste caso.

Área

Cirurgia Torácica