Dados do Trabalho


Título

FISTULA BRONCOPLEURAL EM PACIENTE POS-PNEUMECTOMIA

Descrição do caso

JUSTIFICATIVA DA RELEVÂNCIA:
A fístula broncopleural (FBP) é uma comunicação entre o espaço endobrônquico e a cavidade pleural. Possui uma incidência de até 4% após lobectomia e de expressivos 10% após pneumectomia. Além disso, está associada a uma elevada taxa de mortalidade, próxima a 23%. Logo, é de grande relevância a avaliação diagnóstica, manejo e prognóstico da FBP.

RELATO DO CASO:
Paciente, sexo masculino, 36 anos, natural da Bolívia. Queixa de “fraqueza, falta de ar e tosse com sangue”. Em maio/2022 apresentou hemoptise maciça, com inundação pulmonar, evoluindo para insuficiência respiratória aguda com necessidade de encaminhamento para a UTI, intubação orotraqueal e ventilação mecânica. TC revelou presença de bola fúngica em ápice de LSE, broncoscopia identificou presença de Aspergillus sp..
Nega tabagismo, trabalha com confecção de roupas. Tuberculose tratada em 2012 e reativada em 2017. Bom estado geral, hipocorado (1/4+), hidratado, afebril, acianótico, lúcido e orientado. Murmúrio vesicular presente, reduzido à esquerda, saturação de O2 de 98% em ar ambiente.
TC (15/05/2022): ausência de linfonodomegalias mediastinais. Formação de cavidade apical de 6x6 cm determinando redução volumétrica e alteração arquitetural de LSE com espessamento pleural adjacente, sugerindo processo granulomatoso em atividade. Formação arredondada preenchendo parcialmente a maior cavidade, sugerindo aspergiloma. Múltiplas opacidades em vidro fosco com distribuição centrolobular por vezes em aspecto ramificado, esparsas e bilaterais, predominando nos lobos inferiores, notadamente à esquerda, não se afastando totalmente a possibilidade de hemorragia alveolar.
Indicada lobectomia superior esquerda por toracotomia posterolateral esquerda realizado em 04/07/2022. Pleura espessada, parênquima pulmonar com intensa fibrose com aderência no pericárdio e diafragma. Persistência de sangramento em grande quantidade durante dissecção de aderências. Optado por pneumectomia esquerda.
Paciente evoluiu bem e recebeu alta da UTI no 11º PO. No 20º PO, apresentou piora do padrão respiratório por broncopneumonia, retorno para a UTI com nova intubação orotraqueal. No 24º PO sob ventilação mecânica, apresentou importante desconforto respiratório e intensificação do escape aéreo em dreno de tórax. Realizada broncoscopia de urgência que evidenciou deiscência completa da sutura de coto brônquico de LSE, ocasionando a FBP. Optado por uma nova sutura do coto brônquico através de esternotomia (01/08/2022). Paciente teve boa evolução recebendo alta hospitalar no 79º PO sem queixas.

DISCUSSÃO:
Normalmente as FBP não sofrem fechamento espontâneo, sendo a broncoscopia fundamental para o seu diagnóstico e localização, e quase sempre necessitam de intervenção cirúrgica de alto risco. São recorrentes após pneumectomia e têm como fatores de risco relacionados com o caso a presença de doenças pulmonares pré-existentes, como tuberculose e aspergiloma, que tem a ressecção pulmonar como tratamento.

Área

Cirurgia Torácica

Instituições

FACULDADE DE CIENCIAS MEDICAS DA SANTA CASA DE SAO PAULO - São Paulo - Brasil

Autores

LUCAS HIDEKI YAMADA, CRISTAL GEOVANA BARUFF DE BRITO E CUNHA, MÁRCIO BOTTER, ROBERTO SAAD JUNIOR, VICENTE DORGAN NETO, MARIANA PRADO FONTANA, PAULO FABRICIO STANKE, RODRIGO TOSHIO SAKAE, SILVANA DANIELA CASPEDES GOMEZ, LUIZ GUILHERME SANTOS MAKSOUD, ANDRESSA BEBER CASTILHO