Dados do Trabalho


Título

TUMOR RARO NO MEDIASTINO - CISTO DE PARATIREOIDE

Descrição do caso

Introdução: Tumores do mediastino anterior são raros e possuem etiologias heterogêneas, com apresentação assintomática. A prevalência de lesões nessa região é de 0,49%-0,89%. As causas mais comuns são os timomas, linfomas, tumores de células germinativas, massas de tireoide e aneurismas da aorta. Entre as menos reportadas estão os cistos de paratireóide, que representam 0,5% de lesões paratireoideanas. O diagnóstico diferencial pode ser feito com exames de imagem, estudos anatomopatológicos e imunohistoquímicos. Em cistos de paratireóide de localização ectópica, imagens de TC e RM evidenciam cisto unilocular de parede fina.
Relato de caso: Homem, 59 anos, com quadro de dispnéia há dois meses e disfonia há 14 dias, procurou serviço de saúde em São Paulo. Foi realizado broncoscopia que constou paresia de prega vocal à direita. Em sequência, realizou tomografia de tórax e ressonância magnética do tórax, que evidenciaram tumoração de conteúdo cístico no mediastino anterossuperior, medindo cerca de 6,0 cm no seu maior eixo.
O paciente foi submetido a videotoracoscopia direita, com ressecção completa da lesão mediastinal cística evidenciada nos exames de imagem. O exame anatomopatológico revelou lesão cística com áreas de hemorragia associada a proliferação de células claras, podendo corresponder a tecido paratireoideano ou tireoideano ectópicos, além de carcinoma renal metastático, ou mesmo neoplasia neuroendócrina. Realizado estudo imunohistoquímico com positividade para cromogranina A e GATA3, sendo o exame conclusivo para o diagnóstico de tecido paratireoideano ectópico.
Paciente evoluiu sem complicações, com alta hospitalar no 4o PO. Atualmente encontra-se em seguimento ambulatorial, sem queixas respiratórias e com progressiva melhora da disfonia. Realizada cintilografia de paratireoide, que não evidenciou outras lesões ectópicas.
Discussão: Há 359 casos reportados na literatura de cistos de paratireóide, configurando lesões raras que se apresentam em sua maioria em mulheres (1:1,85), e ocorrência aos 55 anos, em média.
Em relação a localização dos cistos de paratireóide, apenas 10% são encontrados no mediastino. Estudos evidenciam que os cistos encontrados no mediastino variam entre 0,5 cm e 12 cm de diâmetro, sendo que os sintomas aparecem devido a compressão local da lesão por cistos maiores. A dificuldade de diagnóstico de cisto da paratireóide no mediastino anterior deve ser contemplada na avaliação pré-operatória, principalmente em casos de cistos não funcionantes, por não estarem associados ao hiperparatireoidismo e hipercalcemia, e por serem, em sua maioria, assintomáticos, podendo ainda serem confundidos com quadros tireoideano ectópicos. No caso de quadros sintomáticos, com apresentação de dispneia, disfonia, disfagia ou paresia do nervo laríngeo recorrente, como observado no caso relatado, o tratamento cirúrgico é indicado.

Área

Cirurgia Torácica

Instituições

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

CAROLINA FAUZI HAMUCHE, MÁRCIO BOTTER, VICENTE DORGAN NETO, ROBERTO SAAD JUNIOR, LUIZ GUILHERME MAKSOUD, PAULO FABRÍCIO STANKE