Dados do Trabalho


Título

SITUAÇAO CRITICA: DRENAGEM DE EMERGENCIA EM PNEUMOMEDIASTINO HIPERTENSIVO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Descrição do caso

INTRODUÇÃO
O pneumomediastino (PNM) e o enfisema subcutâneo (ESC) eram tidos como raros, mas têm apresentado um grande aumento em suas incidências desde o surgimento da COVID-19. Além deles, o pneumomediastino hipertensivo, uma complicação grave, que pode exigir descompressão cirúrgica de emergência, também aumentou. Tais enfermidades podem ser um desafio em centros de nível primário que não possuem especialistas e/ou grandes recursos à prontidão. Frente a isso, a drenagem do PNM por via cervical aparece como uma importante alternativa, pois é um procedimento menos invasivo que outras intervenções, podendo ser realizado à beira-leito na UTI, e tem demonstrado uma resolutividade positiva em 75% dos casos.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, com 62 anos de idade, procurou o hospital por meios próprios, referindo febre, dispneia, tosse seca, astenia e sonolência há 6 dias. Ao exame físico, apresentava frequência respiratória de 28 rpm e saturação de 80% em ar ambiente. A paciente foi internada e submetida aos seguintes exames complementares: PCR para COVID-19 e tomografia computadorizada de tórax. Ambos os exames foram compatíveis com COVID-19.
Após 2 dias de internação, a paciente evoluiu com Insuficiência Respiratória Aguda, necessitando de Intubação Orotraqueal e internação na UTI. Passados 5 dias, desenvolveu PNM e ESC, que evoluíram para instabilidade hemodinâmica. A equipe de UTI acionou o grupo de cirurgia torácica, que, em virtude do estado crítico da paciente, optou por realizar a drenagem mediastinal por via cervical à beira-leito.
O procedimento consistiu na realização de uma pequena incisão localizada 1cm acima da borda superior do manúbrio esternal. Em seguida, os tecidos foram divulsionados de forma romba até a fáscia pré-traqueal. Depois, realizou-se a dissecção digital no sentido crânio-caudal até que houvesse a formação de uma comunicação com o mediastino anterior. Finalmente, um dreno túbulo-laminar foi fixado para permitir a saída de ar. Não houve intercorrências ou sangramentos.
No pós-operatório (PO), a paciente evoluiu bem, recuperando a estabilidade hemodinâmica. O acompanhamento foi feito a partir de radiografias diárias. Após dois dias, foi perceptível a redução do PNM e do ESC, o que levou a equipe a retirar o dreno cervical e realizar uma traqueostomia. No sétimo dia do PO, a radiografia demonstrou uma melhora considerável do PNM e do ESC, havendo reversão do quadro de choque.
DISCUSSÃO
O presente caso exemplifica como a drenagem mediastinal por via cervical pode ser uma alternativa interessante para o tratamento emergencial dos casos de pneumomediastino hipertensivo (PNM). O método adotado na disciplina de Cirurgia Torácica da Santa Casa tem se mostrado eficaz, seguro e mais simples que outras alternativas invasivas utilizadas. Além disso, essa metodologia pode ser realizada à beira-leito, na UTI, e com anestesia local, não dependendo de uma estrutura hospitalar complexa.

Área

Cirurgia Torácica

Instituições

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - Hospital Central - São Paulo - Brasil

Autores

DANILO SILVA DE MORAIS, MARIANA PRADO FONTANA, PAULO FABRÍCIO STANKE, CRISTAL GEOVANA BARUFF DE BRITO E CUNHA, RODRIGO TOSHIO SAKAE, SILVANA DANIELA CESPEDES GOMEZ, LUIZ GUILHERME SANTOS MAKSOUD, ANDRESSA BEBER CASTILHO, ROBERTO SAAD JUNIOR, VICENTE DORGAN NETO, MARIA BEATRIZ GARCIA KIMURA, MARIA ALICE DE SOUZA, MÁRCIO BOTTER