Dados do Trabalho


Título

APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO E QUEDAS EM INDIVIDUOS COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRONICA: UM ESTUDO TRANSVERSAL E FOLLOW- UP

Introdução

Indivíduos com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) apresentam pior equilíbrio postural e alta prevalência de apneia obstrutiva do sono (AOS). No entanto, a associação entre estas comorbidades é pouco conhecida.

Objetivos

Avaliar o equilíbrio postural e a ocorrência de quedas em indivíduos com DPOC com apneia obstrutiva do sono.

Métodos

O estudo foi dividido em duas fases: I (transversal) e II (follow-up) e incluiu indivíduos com DPOC moderada a muito grave. Na fase I, houveram duas visitas num intervalo de sete dias. Na primeira visita, os indivíduos foram avaliados quanto à qualidade do sono (Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh) e a sonolência (Escala de sonolência de Epworth). Em seguida, realizaram o exame de polissonografia (PSG) tipo I no hospital para avaliar a presença e gravidade da AOS. A partir do índice de apneia-hipopneia (IAH) laudado na PSG, os participantes foram divididos nos grupos sem AOS (sAOS), leve (AOSl) ou moderada a grave (AOSmg). Na segunda visita, realizada no hospital, o equilíbrio postural foi avaliado através de um teste laboratorial, utilizando uma plataforma de força para análise do centro de pressão (CoP) e do teste clinico Mini BESTest. Na fase II, foi feito o follow-up dos participantes por seis meses por meio de ligações telefônicas mensais e as quedas foram registradas num diário de quedas a cada contato telefônico. Os participantes foram classificados como "caidores recorrentes" (CR) se relatassem duas ou mais quedas dentro de três meses durante esse período de seis meses. A normalidade foi realizada por meio do teste Kolmogorov-Smirnov e, para a análise estatística dos grupos, foi utilizado a ANOVA de um fator ou teste de Kruskal Wallis.

Resultados

Setenta indivíduos foram avaliados (sAOS, n=30; AOSl, n=25; AOSmg, n=15). O AOSmg era mais velho (71,3±7,1 vs 64,8±7,1 anos) e tinha melhor função pulmonar (55,8±17,1 vs 42,2±14,0 do VEF1% predito) do que sAOS (p<0,05), mas não houve diferença com o grupo AOSl. O grupo AOSmg apresentou maiores deslocamentos do CoP (42,2±16,1 vs 31,9±12,5 cm), maior deslocamento sentido anteroposterior do CoP (2,45±0,5 vs 1,98±0,66 cm) e maior velocidade média do CoP durante os ajustes posturais (1,41±0,5 vs 1,06±0,4 cm/s) na plataforma de força do que o grupo sAOS (p<0.05). Nos primeiros três meses de follow-up, o grupo AOSms apresentou maior número de caidores recorrentes, seguido pelos grupos sAOS e AOSl, respectivamente. Porém, no último trimestre de follow-up, todos os grupos apresentaram 100% de quedas dos CR. Não houve diferença entre os grupos em relação à qualidade do sono, à sonolência e ao teste clínico do equilíbrio postural.

Conclusões

A gravidade da AOS está associada ao equilíbrio postural e ao risco de quedas recorrentes em indivíduos com DPOC.

Área

Distúrbios Respiratórios do Sono

Instituições

Faculdade de Medicina da USP - São Paulo - Brasil, Instituto do Coração - São Paulo - Brasil

Autores

CAROLINE MASCHIO DE CENSO, VIVIANE VIEIRA PASSINI, BARBARA APARECIDA TEODORO ALCANTARA VERRI, REGINA MARIA CARVALHO-PINTO, RAFAELLA FAGUNDES XAVIER, GERALDO LORENZI-FILHO, CELSO RICARDO FERNANDES CARVALHO