Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇAO DA QUALIDADE DE VIDA EM CUIDADORES DE CRIANÇAS TRAQUEOSTOMIZADAS

Introdução

A traqueostomia tem sido cada vez mais comum na faixa etária pediátrica devido a maior sobrevivência dos pacientes prematuros, com síndromes genéticas e doenças crônicas. O cuidado de uma criança traqueostomizada envolve uma série de modificações no cotidiano dos cuidadores, que impactam de forma negativa na qualidade de vida. O termo não inclui somente fatores relacionados à saúde, como bem-estar físico e mental, mas também a percepção individual de outros aspectos cruciais como emprego, amigos, relações familiares e amorosas, os quais são afetados diretamente por essas alterações na dinâmica familiar.

Objetivos

Avaliar a qualidade de vida em cuidadores de crianças traqueostomizadas, descrever o perfil epidemiológico e clínico dessas crianças e identificar os fatores estressores relacionados a esses cuidadores.

Métodos

Estudo quantitativo, descritivo, observacional e retrospectivo com cuidadores de pacientes traqueostomizados acompanhados pelo Programa de Assistência Ventilatória Domiciliar (PAVD) e foram analisados os dados do prontuário dos indivíduos assistidos há pelo menos um mês. Foi aplicado o questionário Pediatric Tracheostomy Health Status Instrument (PTHSI) no domínio 4 que compreende o “estresse e enfrentamento / perspectiva da família - Domínio de Sobrecarga do Cuidador, constando de 17 itens” validado em estudos anteriores. As variáveis numéricas foram descritas através de medidas de tendência central (média, mediana, desvio padrão e intervalo interquartil).

Resultados

Foram avaliadas 54 crianças traqueostomizadas e seus respectivos cuidadores. 63% foram do sexo masculino, idade de 0 a 21 anos, média de 4,87 (SD +5,80), sendo que 50% delas foram submetidas à traqueostomia com menos de dois anos de idade. A renda média mensal foi de $ 253,00. Os cuidadores são na maioria do sexo feminino (90,7%), mãe dessas crianças (90,7%), com 66,7% casados. O perfil clínico das crianças traqueostomizadas tiveram mais prevalentes a paralisia cerebral (33,3%), cardiopatia congênita (22,2%) e doença neuromuscular (18,5%). A indicação da traqueostomia foi devida a obstrução via área superior (55,6%), proteção da via aérea (25,9%) e ventilação mecânica prolongada (18,5%). 3,7% dos cuidadores apresentaram uma qualidade de vida muito boa; 48.15% boa e 48.15% razoável, e nenhum apresentou ser excelente ou péssima. As maiores preocupações foram relacionadas à questão de recreação da criança, na aspiração da traqueostomia e o quanto da condição da criança afeta a sua relação.

Conclusões

Esse estudo contribuiu para mostrar que programas que estejam próximos a esses pacientes e famílias melhoram a assistência e consequentemente, sua qualidade de vida. Porém, ainda se faz necessário uma ampliação desses cuidados e uma maior diversidade desse olhar, ampliando para o além da definição simplória do que é saúde.

Área

Pneumopediatria

Instituições

Hospital Martagão Gesteira - Bahia - Brasil

Autores

SAULO FERREIRA ASSIS, IZA CRISTINA SALLES CASTRO, MARIA THEREZA UZEDA ESPINHEIRA FLORENTINO, BRUNA CRISTINE OLIVEIRA SILVERIO REIS, CAROLINA SANTOS PIMENTA, ALINE ARAUJO DE CARVALHO, LUCCA OLIVEIRA SOARES PINTO, ANA RAFAELA SOARES DO VALE