Dados do Trabalho


Título

Reabilitação pulmonar de portador de doença neuromuscular e cifoescoliose

Descrição do caso

Introdução: Os programas de reabilitação de portadores de doenças neuromusculares são polêmicos em relação ao treinamento com carga para fortalecimento muscular, porque alguns autores consideram que o estresse muscular pode piorar as condições de trofismo e força desta população.
Objetivo: Relatar a evolução de uma portadora de cifoescoliose de causa neuromuscular, que
foi submetida a um programa de reabilitação cardiorrespiratória.
Relato de caso. Sexo feminino, 24 anos, apresenta cifoescoliose desde os 12 anos de idade, secundária a miopatia por provável erro inato do metabolismo. Evoluiu com aumento da escoliose e passou a ter dispneia, atualmente em aclives ou para andar 300 metros no plano, além de plenitude pós-prandial e engasgos. No último ano, alguns dias após engasgo apresentou tosse e secreção de difícil eliminação, e recebeu tratamento para pneumonia. Apresenta também apneia obstrutiva do sono em uso de BIPAP e surdez neurossensorial.
Ao exame físico: PA 118/76 mmHg, FC 79 bpm, SpO2 94% ar ambiente, f 18 ipm, IMC = 13 kg/m²; desvio do ictus para direita; Cifoescoliose torácica, uso de musculatura abdominal
para respiração, crepitações teleinspiratórias em base direita. Sem outras alterações.
Espirometria pré intervenção fisioterapêuti ca: CVF = 20% prev; VEF1 = 19% prev; VEF1/CVF = 0,85; PImáx = 51% prev; PEmáx = 30% prev; PFE = 25% prev; PFT = 41% prev; TD2’ = 32 degraus ou 27% prev com SpO2 84% e BORG 7; 1 RM MMSS (flexores) = 2Kg e MMII (extensores) = 4 kg. Ecocardiograma: valva mitral com folhetos espessados em grau leve, mínimo prolapso e mínimo refluxo; FE 70%.
Protocolo de reabilitação: 28 sessões de fisioterapia e exercícios diários incluindo BIPAP (PI=14; PEEP=12) por 30 minutos, técnica de empilhamento de ar com AMBU e treinamento muscular respiratório com power breath, carga linear de 35% a 55% da PImáx; 3xs/semana caminhada por 20 min (FC submáxima de 45% a 55% e Borg máximo de 4) e treino abdominal em prancha (3xs/10 seg); 2xs/ semana fortalecimento MMSS e MMII (carga de 20% de 1 RM).
Houve melhora de todos os parâmetros analisados: PImáx= 117% prev; PEmáx = 90% prev; PFE= 57% prev; PFT= 62% prev. TD2’= 78 degraus, SpO2 94% e BORG 2; Teste 1RM MMSS= 3Kg e MMII= 6 Kg
Discussão: O protocolo instituído no caso relatado foi eficaz para a melhora da força muscular respiratória e periférica, do PFE, PFT e da capacidade ao esforço. A literatura não é conclusiva sobre a prescrição de treinamento muscular em doenças neuromusculares. No entanto, a fraqueza muscular respiratória e as alterações estruturais como a escoliose, deterioram progressivamente as condições ventilatórias, demandando intervenção fisioterapêutica. O protocolo instituído neste caso, respeitou os limiares de fadiga durante o exercício, sendo que a dose foi adaptada para que o musculo não chegasse à exaustão.

Área

Reabilitação e Fisioterapia respiratória

Instituições

UNIFESP - São Paulo - Brasil

Autores

RENATA DE JESUS TEODORO, MATHEUS GUEDES SILVA , GIOVANNA CARVALHO , LUCIANA DIAS CHIAVEGATO , SONIA MARIA FARESIN