Dados do Trabalho


Título

RECUPERAÇAO DE LESAO BILATERAL DO NERVO FRENICO APOS TRANSPLANTE PULMONAR BILATERAL

Descrição do caso

Objetivo: Relato de caso de paciente com paralisia diafragmática pós transplante pulmonar, sendo essa, uma complicação que aumenta a morbi-mortalidade. Entretanto, apesar dessa intercorrência, paciente apresentou evolução satisfatória a longo prazo.

Resumo:
O diafragma contribui com 30 a 60% do volume corrente e o nervo frênico é o único suprimento motor. A incidência de lesão do nervo frênico após transplante pulmonar é relatada de 3% a 40%. Este caso descreve um paciente com paralisia diafragmática bilateral e dificuldade de desmame da pressão positiva.
Paciente do sexo feminino, de 44 anos, com doença pulmonar intersticial associada à artrite reumatoide listada para transplante pulmonar. Apresentava dispneia para atividades diárias, porém, sem necessidade de oxigênio suplementar. Apresentava como prova de função pulmonar VEF1 de 0,8 e CVF 1.
Durante a cirurgia, não houve dificuldade em identificar os pontos anatômicos. Gelo triturado envolto por compressa foi colocado na cavidade torácica do receptor para evitar que o enxerto aquecesse durante o implante. O implante foi realizado da direita para a esquerda com um tempo de isquemia de 360 ​​minutos e 585 minutos, respectivamente. Os enxertos tiveram funcionamento adequado. No pós-operatório evoluiu com paralisia diafragmática bilateral, sendo o lado direito mais afetado que o esquerdo.
Oito dias após o transplante, foi realizada traqueostomia por dificuldade em desmame de ventilação mecânica. Logo após, o paciente ficou confortável com o uso do BiPAP (Bilevel Positive Airway Pressure). Gradualmente, o diafragma esquerdo voltou à contração adequada, mas nenhuma alteração satisfatória foi observada no lado direito. Ademais, a paciente desenvolveu intensa ansiedade relacionada à respiração sem BiPAP.
A eletroneuromiografia realizada dois meses após o transplante, revelou ausência de condução no nervo frênico direito e reduzido potencial de ação motora no esquerdo. Após três meses de transplante a paciente passou a respirar sem necessidade de pressão positiva. A traqueostomia foi removida e a paciente recebeu alta no 112º dia de pós-operatório, sem suplementação de oxigênio ou pressão positiva. Seis meses após o transplante realizou nova prova de função pulmonar com VEF1 1,4 e CVF 1,73. Isso mostrou que apesar da paralisia diafragmática bilateral em pós operatório imediato, houve aumento significativo da função pulmonar em relação aos valores pré transplante.
A paralisia diafragmática é uma complicação do transplante pulmonar que aumenta a morbi-mortalidade, e uma das causas de lesão do nervo frênico é o dano térmico causado pelo gelo utilizado na cirurgia. A paralisia diafragmática pode ter recuperação gradual pós transplante. Em casos de dependência de pressão positiva a longo prazo, considera-se tratamento cirúrgico com plicatura ou implante de marca-passo diafragmático.

Área

Cirurgia Torácica

Instituições

faculdade israelita de ciências da saúde albert einstein - São Paulo - Brasil, Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo - Brasil

Autores

EMILY MIE ARAI, FERNANDA YOU CHIE CHENG, ENZZO DE ALMEIDA GALLAFASSI, EVELYN SUE NAKAHIRA, GUILHERME VIEIRA SOARES DE CARVALHO, OSWALDO GOMES JUNIOR, MARCOS NAOYUKI SAMANO