Dados do Trabalho


Título

FILTROS BACTERIOLOGICOS EM TESTES DE FUNÇAO PULMONAR

Introdução

O controle de infecção sempre foi importante em laboratórios de função pulmonar para evitar o risco de infecção cruzada. Com a pandemia da COVID-19, inúmeras mudanças ocorreram na sociedade, incluindo no âmbito de saúde pública, com impacto nos testes de função pulmonar (TFP). Os TFP geram aerossóis na forma de gotículas por exigirem altas taxas de ventilação e de fluxo, portanto representam um risco para a propagação da infecção. Para evitar a contaminação, vale destacar o papel dos filtros bacteriano/viral (BVF) nesse contexto. Apesar do controle da pandemia ter atingido a fase de baixa transmissibilidade em 2023 (fase azul – normal controlado), o uso dos BVF persistiu como forte recomendação. Porém, diante do custo do filtro, faz-se necessário avaliar a necessidade da manutenção nos laboratórios de função pulmonar do SUS.

Objetivos

Avaliar o risco de infecção cruzada na fase azul da pandemia pela COVID-19 em relação ao uso de filtro (BVF) para realização de TFP.

Métodos

Os pacientes foram alocados, de forma randomizada, em dois laboratórios. No laboratório 1, todos os pacientes realizaram os exames com filtro e no laboratório 2, sem filtro. O intervalo entre os exames estava estipulado de 1 hora para ventilação da sala e higienização do aparelho. Após 07 dias, todos pacientes foram contactados por ligação telefônica e questionados acerca do aparecimento de algum sintoma respiratório que pudesse estar relacionado a uma infecção respiratória aguda. Foram incluídos pacientes acima de 18 anos e excluídos todos que apresentavam sintomas respiratórios agudos.

Resultados

198 pacientes realizaram TFP entre os dias 16/01/23 a 10/02/23 no laboratório de função pulmonar da Unifesp. Destes, 27 (13,6%) foram excluídos por apresentaram no dia da realização do exame sintomas respiratórios agudos. Foram elegíveis 171 (86,3%), sendo que 116 (67,8%) realizaram exame sem BVF e 55 (32,2%) com BVF. Dos que realizaram sem filtro, 43 (37%) foram acompanhados por contato telefônico após 7 dias da realização do exame e somente 01 (0,02%) apresentou sintomas respiratórios, ao ponto que, dos que realizaram com filtro, 25 (45%) foram contactados e somente 01 (0,04%) apresentou sintomas, não havendo diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p = 0,693).

Conclusões

A utilização ou não dos filtros para realização de exames de função pulmonar não demonstrou aumento de infecção cruzada na fase atual da pandemia. Diante deste cenário, e levando em consideração os custos inerentes aos filtros (BVF) frente ao valor pago pelo SUS para uma espirometria, deve-se avaliar a necessidade do uso irrestrito dos filtros nos laboratórios de função pulmonar, possibilitando aumento no número de vagas oferecidas para o SUS.

Área

Função Pulmonar

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO - São Paulo - Brasil

Autores

LUCCAS FERNANDES QUEIROZ, MARIA MARTA AMORIM, MARIA RAQUEL SOARES, CARLOS ALBERTO DE CASTRO PEREIRA, ELOARA VIEIRA MACHADO FERREIRA