Dados do Trabalho


Título

CISTO MEDIASTINAL GIGANTE

Descrição do caso

INTRODUÇÃO
Os cistos do mediastino são lesões pouco frequentes participando entre 12% e 18% de todas as lesões de mediastino, possuem ampla gama de origens devido à variedade de tecidos dessa região e em alguns casos a origem do cisto permanece incerta. Cistos de mediastino não neoplásicos são mais encontrados entre os 40 e 60 anos de vida por exames radiológicos de rotina, sendo 40% broncogênicos, entre 20% e 30% pericárdicos, 20% tímicos, 10% entéricos e até 10% teratomas. Neste relato, será evidenciado caso de cisto gigante de mediastino e as complicações que esse volume pode desencadear nessa região tão vital e sensível.

RELATO DO CASO
Paciente do sexo masculino de 42 anos de idade, obeso (IMC = 42), hipertenso, com queixa de dispneia
progressiva iniciada a quatro anos. Procurou atendimento na época, descobriu a lesão cística pequena, porém não realizou acompanhamento. O quadro atual evoluiu com piora progressiva da dispneia, sendo que há dez dias da admissão procurou serviço médico devido ao quadro clínico e foi encaminhado para a Santa Casa de São Paulo, seguindo para avaliação da cirurgia torácica.
A tomografia computadorizada de tórax mostra formação arredondada medindo 18,0 x 16,3 x 17,0 cm, de natureza indeterminada, hipoatenuante, homogênea, de margens circunscritas, localizada no mediastino à direita, que determina extenso efeito expansivo local, com compressões do átrio direito, do brônquio principal direito com redução do calibre, atelectasias do parênquima pulmonar adjacente e deslocamento contralateral das estruturas mediastinais. Destaca-se lobulação na sua borda inferoanterior e finas calcificações periféricas. Demais condições sem alterações.
O caso foi discutido na reunião multidisciplinar no nosso serviço, sendo aventados, como principais possibilidades o diagnóstico de lesões benignas, como cisto pericárdico, cisto tímico, cisto broncogênico, cisto dermoide e teratoma cístico. Diante do quadro e da piora clínica progressiva foi indicada a ressecção cirúrgica da lesão. A conduta cirúrgica foi uma toracotomia póstero lateral direita exploradora, sendo evidenciado moderada quantidade de líquido pleural serohemático. Presença de lesão cística volumosa com cerca de 20 cm de diâmetro, com paredes espessas, conteúdo espesso marrom com detritos, com aderências firmes ao pericárdio, pleura mediastinal, diafragma e pulmão. Após a dissecção cuidadosa do cisto e sua remoção da cavidade pleural, observou-se expansão subtotal do pulmão. O paciente evoluiu satisfatoriamente no pós operatório, sem necessidade de UTI. O dreno torácico foi retirado no oitavo dia pós operatório (PO) e a alta hospitalar aconteceu no nono dia PO.

DISCUSSÃO
Com o advento de técnicas minimamente invasivas cistos de pequeno volume podem ser adequadamente ressecados por toracoscopia vídeo-assistida (VATS) ou robô-assistida (RATS), porém, para lesões volumosas, como a do caso em questão, a literatura recomenda toracotomia como opção segura.

Área

Cirurgia Torácica

Instituições

FCMSCSP - São Paulo - Brasil

Autores

BRUNO ROCHA GOMES GARBIN, SILVANA DANIELA CESPEDES GÓMEZ, MARIANA PRADO FONTANA, ANDRESSA BEBER CASTILHO, CRISTAL GEOVANA BARUFF BRITO CUNHA, PAULO FABRÍCIO STANKE, MÁRCIO BOTTER, RODRIGO TOSHIO SAKAE, ROBERTO SAAD JÚNIOR, VICENTE DORGAN NETO