Dados do Trabalho


Título

RESPOSTA ENDOTELIAL AGUDA A UMA SESSAO DE VENTILAÇAO NAO INVASIVA EM PACIENTES HOSPITALIZADOS COM EXACERBAÇAO DA DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRONICA E DA INSUFICIENCIA CARDIACA.

Introdução

A exacerbação aguda da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e da insuficiência cardíaca (IC) estão associadas ao maior risco de eventos cardiovasculares, sendo a disfunção endotelial um dos fatores responsáveis. A ventilação não invasiva (VNI) já foi evidenciada como um dos pilares da assistência a estes pacientes em exacerbação sendo capaz de promover efeitos na paO2 e do paCO2, ambos associados à função endotelial.

Objetivos

Portanto, o objetivo deste estudo foi investigar a resposta da função endotelial após a uma sessão de VNI em indivíduos diagnosticados com exacerbações da IC e da DPOC.

Métodos

Estudo clínico transversal e quase-experimental. Foram incluídos 14 pacientes com DPOC (GDPOC 65,5±8,6 anos; VEF1= 50,2±13,2% predito) e 14 pacientes com IC (GIC 61,0±12,4 anos; BNP =5453,2±7037,9 pg/mol) hospitalizados pela exacerbação. A avaliação foi realizada nas primeiras 24-48 h após o início da terapia padrão para a exacerbação. A pressão positiva foi aplicada em dois níveis (BiPAP) durante 30-60 minutos. A pressão inspiratória positiva nas vias aéreas (IPAP) e a pressão positiva expiratória nas vias aéreas (EPAP) foram ajustadas entre 8-12 cmH2O e 4-6 cmH2O, respectivamente, de acordo com a tolerabilidade. A função endotelial foi avaliada pelo método da Dilatação Mediada pelo fluxo (DMF) por meio da ultrassonografia da artéria braquial. O probe do ultrassom (10 MHz) foi posicionado para medir o diâmetro arterial inicial e em seguida, um manguito de pressão arterial foi inflado a 200 mmHg por 5 min. Os diâmetros posteriores foram registrados por três minutos. As imagens foram gravadas digitalmente e posteriormente analisadas usando o software: Braquial Imager. A DMF relativa (%) foi calculada usando os maiores valores médios do diâmetro obtidos pré e pós oclusão do fluxo sanguíneo no antebraço [%DMF= (diâmetro pós mm - diâmetro basal mm)/diâmetro basal] x 100)]. A DMF absoluta foi calculada subtraindo-se o diâmetro pós oclusão do diâmetro basal (ΔDMF = diâmetro pós mm - diâmetro basal mm). Para análise estatística, foi utilizado o teste t pareado com nível de significância de 5%.

Resultados

Após a VNI, foram observados maiores valores da DMF em ambos os grupos, GDPOC (DMF absoluta: 0,16±0,13 mm vs. 0,26±0,06 mm, p= 0,02; e DMF percentual: 3,61±2,78 % vs. 5,91±1,76 %, p= 0,02) e GIC (DMF absoluta: 0,24±0,16 mm vs. 0,35±0,20 mm, p= 0,01; e DMF percentual: 5,88±4,64 % vs. 8,33±5,36 %, p= 0,01). A variação DMF% pós VNI – DMF% pré VNI também demonstrou aumento significativo para GDPOC: 2,30±3,34 % quanto para o GIC: 2,45±3,26 %.

Conclusões

Ambos os pacientes DPOC ou IC hospitalizados por exacerbação da doença responderam com melhora na função endotelial a aplicação de VNI. Esses achados evidenciam um possível potencial da VNI no manejo do risco cardiovascular o que merece ainda ser investigado.

Área

DPOC

Instituições

Universidade Federal de São carlos - São Paulo - Brasil

Autores

ERIKA ZAVAGLIA KABBACH, NATHANY SOUZA SCHAFAUSER, ALESSANDRO DOMINGUES HEUBEL, NAIARA TAIS LEONARDI, VIVIANE CASTELLO-SIMÕES, AUDREY BORGHI-SILVA, RENATA GONÇALVES MENDES