Dados do Trabalho
Título
AVALIAÇAO LONGITUDINAL EM 12 MESES DA FUNÇAO PULMONAR EM REPOUSO E EXERCICIO APOS HOSPITALIZAÇAO PELA COVID19 – ESTUDO MULTICENTRICO FENIX
Introdução
Pacientes hospitalizados pela Covid-19 tiveram maior comprometimento pulmonar na fase aguda, com alto risco de sequelas pulmonares por lesões fibróticas residuais. Estudos prévios demonstraram redução da função pulmonar em repouso e durante o exercício no seguimento ambulatorial. Até o momento, não há dados de seguimento longitudinal na população brasileira.
Objetivos
Avaliar as sequelas residuais de pacientes hospitalizados por Covid-19 com acometimento pulmonar moderado-grave/crítico após 12 meses de seguimento por meio de testes de função pulmonar em repouso e exercício. Comparar os resultados entre os pacientes que realizaram os testes em 3 e 12 meses após a Covid-19.
Métodos
Estudo observacional, prospectivo, longitudinal, multicêntrico (Unifesp, Incor-USP e Unesp-Botucatu), de pacientes internados por Covid-19 entre março/20 e novembro/21. Os pacientes foram seguidos ambulatorialmente após a alta hospitalar e realizaram prova de função pulmonar completa (espirometria, pletismografia e difusão), teste de caminhada de 6 minutos (TC6) e teste de exercício cardiopulmonar (TECP) em 3 e 12 meses após início dos sintomas.
Resultados
Foram avaliados 706 pacientes com idade média de 57±14 anos, 55% sexo masculino, mediana do tempo de internação hospitalar de 14 [8, 23] dias e 50% internados em UTI. Após 12 meses do início dos sintomas, 303 (43%) pacientes foram avaliados e destes, 24% (45/189) mantiveram CVF ≤80% prev, 22% (41/189), VEF1 ≤80% prev, 33% (38/117) CPT ≤80% prev, 48% (59/122) DLCO ≤80% prev, 19% (36/192) dessaturação < 90% no TC6 e 38% (24/63) V'O2pico ≤80% prev. Comparando-se somente aqueles que realizaram exames em 3 e 12 meses, houve melhora da CVF (3,36±0,91 vs 3,50±0,87L; 86±17 vs 91±14%; p<0,001; n=144), do VEF1 (2,7± 0,75 vs 2,84±0,73 e 88±17 vs 92±15%; p<0,001; n=144), da CPT (83±15 vs 87±14%; p<0,001; n=54), da DLCO (73±18 vs 81±17%; p<0,001; n= 59), da SpO2 no 6o min do TC6 (92±6 vs 94±5%; p<0,001; n=91). Não houve diferença no VR, na distância e SpO2 basal no TC6 e no V’O2pico e slope do V'E/V'CO2 no TECP.
Conclusões
Apesar da melhora da função pulmonar em repouso e exercício (CVF, VEF1, CPT, DLCO e dessaturação no TC6) na comparação entre 3 e 12 meses após início dos sintomas, houve persistência de sinais sugestivos de sequela pulmonar fibrosante (redução CVF e CPT) e possibilidade de lesão endotelial (redução DLCO) em pacientes que foram hospitalizados por Covid-19 moderada/grave-crítica após 12 meses do início dos sintomas. Dessa forma, faz-se necessário manter o seguimento funcional ambulatorial nos pacientes que tiveram comprometimento pulmonar pela Covid-19 e avaliar a relação com sintomas, como dispneia e intolerância aos esforços, e o impacto na qualidade de vida.
Área
Função Pulmonar
Instituições
Escola Paulista de Medicina - UNIFESP/EPM - São Paulo - Brasil, InCor - HCFMUSP - São Paulo - Brasil, UNESP - São Paulo - Brasil
Autores
MARIANA LIMA LAFETA, SARAH PACHER, VITOR COSTA SOUZA, FABIANA OLIVEIRA PENIDO, MARIA FERNANDA LIMA SOUZA SALDANHA, ROBSON APARECIDO PRUDENTE, LUIZ FERNANDO PEREIRA BRIZOLA, ESTEFANIA APARECIDA THOME FRANCO, SUZANA ERICO TANNI, FLAVIA NERI FOLCHINO, ELIANA BANDINI RISSO RIBEIRO LOPES, ANDRE LUIS PEREIRA DE ALBUQUERQUE, PRISCILA CRISTINA ABREU SPERANDIO, LUIZ EDUARDO NERY, ELOARA VIEIRA MACHADO FERREIRA