Dados do Trabalho


Título

PERFIL DE INDIVIDUOS ADULTOS COM BRONQUIOLITE EM UM CENTRO DE CUIDADOS TERCIARIOS: UM ESTUDO TRANSVERSAL

Introdução

A bronquiolite é um processo inflamatório e/ou fibrótico envolvendo bronquíolos respiratórios e membranosos. Árvore em brotamento, opacidades centrolobulares e atenuação em mosaico podem aparecer na tomografia computadorizada (TC) de tórax. Temos poucos estudos sobre o perfil de adultos portadores de bronquiolite.

Objetivos

Avaliar o perfil de indivíduos com bronquiolite num centro de doenças pulmonares intersticiais.

Métodos

Estudo observacional e transversal. Realizamos uma análise de dados demográficos, clínicos e funcionais, além de informações sobre procedimentos diagnósticos e classificação da doença. Foi utilizada estatística descritiva: para variáveis numéricas, média ± desvio-padrão ou mediana (intervalo-interquartil) e para variáveis categóricas, frequência. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética.

Resultados

68 de 103 casos com suspeita de bronquiolite foram selecionados, 57 (84%) mulheres e 47 (69%) de cor branca, idade 63,5 anos (20-85) e IMC 28,77 Kg.m2 (20,0-46,7). Tosse, sibilância e expectoração foram relatados em 50 (74%), 35 (52%) e 21 (31%). 23
(34%) referiram tabagismo e 50 (74%), exposição ambiental. A ausculta pulmonar estava alterada em 29 (43%). Na TC foram observados: nódulos centrolobulares em 26 (38%), espessamento brônquico em 51 (75%), mosaico em 42 (62%) e aprisionamento aéreo em 29 (43%). Os dados funcionais em % do predito foram: CVF 83% (72-92%); VEF1 76% (63%-84%); VEF1/CVF 68% ± 15%; CPT 93% (85%-102%); VR 104% (87%-123%); VR/CPT 45% (37-53%; DCO 84% (68%-97%). A resistência específica das vias aéreas foi 11± 8 cmH2O/L/s. Foram realizados biopsia transbrônquica em 23 (33%), lavado broncoalveolar padronizado em 15 (22%) e biopsia pulmonar cirúrgica 9 (13%). A doença foi classificada como: secundária à doença do tecido conjuntivo (DTC) em 20 (29%), associada a achados autoimunes (AAI) em 9 (13%), aspirativa em 4 (6%), pneumonite de hipersensibilidade (PH) em 7 (10%), bronquiolite respiratória em 6 (9%), pós infecciosa em 2 (3%) e criptogênica em 3 (4%). Em 6 casos, a bronquiolite foi atribuível a outras causas e em 11 não foi possível a classificação. Tratamento foi instituído em 56 (82%), broncodilatador inalado em 51 (75%),
corticoide inalado em 50 (74%), corticoide sistêmico em 37 (54%), azitromicina em 11 (16%), cloroquina em 8 (12%), metotrexato em 8 (12%), leflunomida em 5 (7%), imunossupressores em 11 (16%) e imubiológico em 9 (13%).

Conclusões

Nesta análise de bronquiolite realizada em um centro único, as principais causas de bronquiolite foram DTC e AAI, seguidas por PH e tabagismo. A doença foi mais frequente em mulheres. A maioria foi tratado com corticoide sistêmico e medicações inaladas, chamando a atenção o uso de citotóxicos, imunossupressores e biológicos, o que se deve ao substrato autoimune responsável pela maioria dos casos de bronquiolite nessa amostra. Exposição ambiental foi frequente e por isso imaginamos que alguns dos casos não classificados possam ser secundários à PH.

Área

Doenças Intersticiais Pulmonares

Instituições

Hospital do Servidor Público Estadual - IAMSPE - São Paulo - Brasil

Autores

LUANA CABRAL LUZ, FERNANDA MAYUMI NOMURA, RICELLI LAIS SIMONGINI, ANA LUIZA CAMPOS FERNANDES, VANESSA DA PENHA RIBEIRO, MAURI MONTEIRO RODRIGUES, SILVIA CARLA SOUSA RODRIGUES