Dados do Trabalho

Título

USO DE OMALIZUMAB EM PACIENTES COM SINDROME DA SOBREPOSIÇAO ASMA-DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRONICA (ACOS): SERIE DE CASOS

Descrição do caso

Justificativa da relevância do caso relatado: A síndrome da sobreposição asma-doença pulmonar obstrutiva crônica (ACOS) é uma entidade recentemente descrita, caracterizada pela disfunção respiratória persistente com a coexistência de significativos aspectos associados à asma e à DPOC. Indivíduos portadores desta síndrome são normalmente descritos como asmáticos prévios com histórico de tabagismo que desenvolveram uma limitação do fluxo aéreo não totalmente reversível ou indivíduos com DPOC prévio que apresentam características compatíveis com asma, associadas a variados fenótipos clínicos. Atualmente, tal patologia vem ganhando relevância no cenário epidemiológico pela suscitação do pior prognóstico desses pacientes além da limitação da gama de medidas terapêuticas. História da doença atual e pregressa: Pacientes J.T. (masculino, 76), T.T. (feminino, 80), Y.K. (masculino, 75), M.A.F.T. (feminino, 67), I.G.S. (masculino, 80) e A.A.A.S.O. (feminino, 62), com diagnóstico prévio de asma grave, história de atopia, episódios recorrentes de dispneia, sibilância, constrição torácica e tosse desde a infância e história de exposição a biomassa por mais de dez anos. Exame físico: Os pacientes apresentavam sibilos esparsos à ausculta pulmonar. Exames complementares: Todos possuíam exame prévio de IgE total e/ou IgE para alérgeno específico aumentados e achados sugestivos de broncopatia crônica e/ou enfisema pulmonar em imagem de tomografia. À espirometria, apresentavam distúrbio obstrutivo (VEF1/CVF < 0,7). Diagnóstico: De acordo com Sin et al. (2016), os pacientes foram diagnosticados com ACOS, preenchendo os critérios maiores de disfunção respiratória persistente (VEF1/CVF < 0,7 pós-BD) em indivíduos com mais de 40 anos, exposição à poluição do ar equivalente a 10 anos-maço de carga tabágica e histórico documentado de asma antes dos 40 anos de idade, além de ao menos um dos critérios menores - histórico de atopia ou rinite alérgica e/ou contagem de eosinófilos do sangue periférico ≥ 300 células/µl. Evolução: Os pacientes iniciaram terapia imunobiológica com uso de Omalizumabe, anticorpo monoclonal anti-IgE, de acordo com o protocolo para o tratamento de asma grave não controlada. O acompanhamento dos pacientes demonstrou melhora clínica evidenciada na progressão positiva do Teste de Controle de Asma (ACT), redução de uso oral de corticosteróides sistêmicos e redução da procura de serviços de urgência. Discussão: ACOS refere-se a uma síndrome nova e ainda não totalmente compreendida. No estudo, todos os pacientes eram asmáticos prévios com exposição extensa a biomassa, evidenciando achados clínicos, espirométricos e radiológicos de um quadro de limitação do fluxo aéreo com características de asma e de DPOC. A melhora clínica apresentada ressalta a importância da reavaliação de pacientes com diagnóstico de DPOC para investigação de história prévia de atopia que justifique potencial benefício do uso de terapia com imunobiológicos.