Dados do Trabalho
Título
PERFIL DAS DOENÇAS CRONICAS DOS INDIVIDUOS PARTICIPANTES DE UM PROGRAMA DE RASTREAMENTO DE CANCER DE PULMAO EM UM SERVIÇO PUBLICO DE SAUDE
Introdução
A epidemia de tabaco é um dos maiores desafios de saúde pública que o mundo enfrenta, com mais de 8 milhões de mortes por ano. A exposição ao tabaco pode provocar graves enfermidades aos sistemas cardiovascular e respiratório, como doença coronariana, acidente vascular cerebral e câncer, especialmente de pulmão. No Brasil a exposição ao tabaco foi responsável, em 2019, por 191 mil óbitos e um pouco mais de 5 milhões de anos de vida perdidos, ajustados por incapacidade. O tabagismo tem um impacto negativo para diversas enfermidades prevalentes na comunidade, sendo a própria dependência do tabaco um tipo de doença crônica.
Objetivos
Apresentar o perfil das doenças crônicas dos indivíduos incluídos no programa de rastreamento de câncer de pulmão em um serviço público de saúde.
Métodos
Foram analisados os dados de 216 indivíduos incluídos em um programa de rastreamento de câncer de pulmão realizado em um hospital público do interior do estado de São Paulo, no período de fevereiro de 2022 a julho de 2023. Os dados foram obtidos por meio das entrevistas realizadas com os indivíduos, no momento da inclusão no programa de rastreamento. Foram avaliados sexo, idade, prevalência de doenças crônicas, índice de massa corpórea (IMC), índice de dispneia modificado do MMRC e história tabágica. As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS (versão 29).
Resultados
Nos 216 participantes, 57,9% eram do sexo feminino, com idade média de 63,3 anos (± 5,32). A doença crônica mais prevalente foi a hipertensão arterial sistêmica (HAS) referida por 55,1% dos indivíduos, seguida pelo diabetes mellitus com 27,8% e pela doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) em 24,1% dos indivíduos. A idade média de início do consumo de cigarro foi de 14,4 anos (± 4,86). A carga tabágica média foi de 64,6 anos-maço (± 40,9). Com relação a HAS, quem fuma cigarro industrializado, tem mais HAS do que quem não fuma esse tipo de cigarro (p=0,004). A HAS foi mais referida nos pacientes com maior peso (p=0,016) e consequentemente maior IMC (p=0,003). O diabetes mellitus, também foi mais prevalente em participantes com maior IMC (p=0,02). Os pacientes com DPOC, são mais velhos se comparados com os que não possuem DPOC [65 anos (±5,11) vs 62,8 anos (±5,28); p=0,008] e possuem um índice de dispneia mMRC mais elevado se comparado com total dos pacientes incluídos [3(1,75-3,00) vs 1(0,00-3,00); p<0,001]. A DPOC foi mais diagnosticada nos pacientes tabagistas ativos do que em ex-tabagistas (p=0,003). As demais doenças crônicas avaliadas, não tiveram relação com nenhuma outra variável do estudo.
Conclusões
As doenças crônicas são condições de grande interesse em saúde pública, uma vez que impactam na morbimortalidade dos pacientes, a sua alta prevalência nos pacientes com histórico de tabagismo incluídos no rastreamento de câncer de pulmão, reforça a importância da abordagem multidisciplinar e o cuidado integral dos pacientes, visando não somente a cessação do tabagismo.
Área
Tabagismo
Instituições
FMB - UNESP - São Paulo - Brasil
Autores
IVANA TEIXEIRA DE AGUIAR, GABRIEL DE GODOY ARTIGA, TARCISIO ALBERTIN DOS REIS, FABIO KENDI YAMAUCHI, KELLY MARIA OLIVEIRA, ISADORA RUBIRA FURLAN, DIANE REZENDE BATISTA, ROBSON APARECIDO PRUDENTE, ESTEFANIA APARECIDA THOMÉ FRANCO, LUIZ HENRIQUE SOARES MACHADO, GUSTAVO AUGUSTO FERREIRA MOTA, VITOR PASCHOALETI NISHIYAMA, BRUNO FADEL BARBOSA LIMA, GABRIEL FERREIRA RENO, ALINE YUKARI TAKEUCHI, LETICIA YUMI ISHIMOTO, FELIPE ROBERTO TRINCO DA SILVA, SUZANA ERICO TANNI, ERICA NISHIDA HASIMOTO