Dados do Trabalho
Título
PNEUMOMEDIASTINO ESPONTANEO INDUZIDO POR USO DE CIGARRO ELETRONICO: RELATO DE CASO
Descrição do caso
Justificativa: O uso crescente de cigarros eletrônicos entre os jovens aumentou o registro de lesões pulmonares e extrapulmonares agudas associados ao vaping, como o pneumomediastino espontâneo, condição clínica rara.
HPMA: Mulher, 29 anos, com antecedente de rinite alérgica e asma, em uso de salbutamol nas crises, iniciou uso de cigarro eletrônico há três meses, com maior abuso do dispositivo há dois dias. Comparece ao pronto socorro com quadro de odinofagia, desconforto cervical, dor torácica em aperto, pior a respiração profunda e dispneia súbita.
Exame físico: Sem alteração de sinais vitais. Amígdalas grau dois, com hiperemia leve, sem exsudato. Abaulamento em região cervical anterior associada com crepitação. Sons pulmonares presentes bilateralmente sem ruídos adventícios. Ausculta cardíaca com bulhas hipofoneticas, com ritmo regular em dois tempos, sem sopros.
Tomografia cervical e torácica evidenciou pneumomediastino e enfisema dos planos mioadiposos e partes moles da região cervical, com acometimento dos espaços parafaringeos, retrofaringeo e submandibulares, sem perda da continuidade das paredes traqueais.
Evolução: Internada com prescrição de repouso e analgesia. Avaliada por cirurgia torácica que indicou conduta conservadora. Não foi necessário realização de broncoscopia ou Endoscopia digestiva alta (EDA), visto que paciente apresentou melhora e no terceiro dia repetiu a TC com redução do pneumomediastino. Alta para seguimento ambulatorial com pneumologista. Orientada sobre importância de cessação do vaping.
Discussão: Pneumomediastino espontâneo é uma condição incomum caracterizada pela presença de ar dentro do mediastino, sem trauma precedente. É mais frequente em jovens, sexo masculino, com antecedente de asma, uso de drogas ilícitas inaladas e mais recentemente associado ao uso do cigarro eletrônico.
Usuários de vaping aumentam o volume intratorácico para conseguirem inalar uma grande quantidade de líquido em aerossol, gerando uma expiração forçada contra glote com aumento da pressão intratorácica e consequente ruptura dos alvéolos com condução aérea pelas bainhas vasculares peribrônquicas até o mediastino.
A apresentação clínica se baseia na tríade: dispneia, dor torácica e enfisema subcutâneo. Disfagia, odinofagia e tosse podem eventualmente estar presentes.
A radiografia, ultrassonografia e tomografia do tórax auxiliam na confirmação diagnostica, broncoscopia e EDA podem ser solicitados na suspeita de ruptura traqueal ou esofágica.
O tratamento do pneumomediastino não complicado se baseia em internamento para vigilância de complicações, afastamento do fator predisponente, repouso e analgesia, com resolução completa entre 3 e 15 dias.
Área
Tabagismo
Instituições
UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - Brasil
Autores
LUIZA THIENNE COLOMBO, THALITA AMARAL MOTA, ANTONIO CARLOS FERRETE JUNIOR, WANDERSON PEREIRA DA SILVA , LYGIA DE CARVALHO SAMPAIO