Dados do Trabalho

Título

Conhecimento sobre a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC): perspectiva da população brasileira

Introdução

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) representa um importante desafio de saúde pública que pode ser prevenido e tratável. Apesar do profundo entendimento da DPOC por pneumologistas, clínicos e pesquisadores, pouco se sabe sobre o conhecimento desta doença na população em geral e em indivíduos com DPOC.

Objetivos

Registrar informações sobre comportamento, dificuldades e percepções de pacientes e não pacientes sobre a DPOC.

Métodos

De fevereiro a janeiro de 2023, um questionário on-line estruturado de autopreenchimento foi publicado, via link, nas redes sociais e nos sites das revistas da Editora Abril e do Grupo Chiesi Farmacêutica Ltda. O estudo foi realizado em parceria com a revista VEJA SAÚDE, com apoio técnico-científico da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia.

Resultados

2141 indivíduos responderam ao questionário, sendo 274 pacientes (13%), 55 cuidadores (3%) e 1812 indivíduos sem DPOC. A maioria apresentou idade superior a 46 anos (77%), residia no sudeste do país (64%) e era do sexo feminino (54%). Dentre os indivíduos sem DPOC, 26% nunca havia ouvido falar da patologia. A busca por informação e manejo da doença, aconteceu durante contato com o médico em 75% dos pacientes; 58% tiveram suas dúvidas esclarecidas por profissionais de saúde, sendo 54% orientados completamente sobre o tratamento e ajustes no estilo de vida. Contudo, apenas 49% dos pacientes e cuidadores acreditam saber o que fazer diante de uma crise. Em relação ao tratamento, 86% dos pacientes relataram utilizar regularmente os medicamentos para DPOC, onde 49% relataram utilizar inalador de aerossol dosimetrado (spray), enquanto apenas 26% afirmaram participar de algum programa de reabilitação pulmonar. Interessantemente, 51% desses pacientes confirmaram estar seguindo todas as recomendações e tratamentos propostos pelo médico e/ou profissional de saúde. Em relação a conhecimento sobre a DPOC, 48% da população em geral e 39% dos pacientes desconhecem o elo entre o tabagismo passivo e a DPOC. Cerca de 50% dos pacientes e da população geral não associa o narguilé e o cigarro eletrônico (em suas variadas formas) ao desenvolvimento da DPOC. Apesar de tanto o enfisema pulmonar como a bronquite crônica integrarem a DPOC, apenas 33% dos respondentes apontaram a bronquite crônica como uma doença muito grave. Dentre os indivíduos sem o diagnóstico de DPOC, 69% reclamaram de algum sintoma que aflige as vias aéreas. No entanto, 45% deles não procuraram auxílio médico. Esse número é ainda maior na população tabagista, onde 83% reportaram ao menos um sintoma, porém 59% não buscaram auxílio médico.

Conclusões

A falta de informações pode comprometer o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. Por isso, identificar as lacunas de conhecimento entre pacientes, cuidadores e a população em geral, como realizado no presente estudo, pode permitir que as sociedades médicas brasileiras e associações de pacientes desenvolvam estratégias para disseminar conhecimento sobre prevenção e tratamento da doença.