Dados do Trabalho


Título

RESULTADOS DA CIRURGIA TRAQUEAL DOS PACIENTES COM INTUBAÇAO PROLONAGADA DEVIDO COVID-19

Introdução

Avaliação das estenoses subglóticas no período do covid-19

Objetivos

Avaliar resultado pós operatório das cirurgias realizadas em pacientes com estenose laringotraqueal, através da decanulação da traqueostomia. Analisamos a taxa final de retiada da traqueostomia, complicações e tempo de internação (UTI e enfermaria convencional) e procuramos fatores que poderiam ter pior impacto nesse desfechos.

Métodos

Revisão do banco de dados dos pacientes submetidos à cirurgia para tratamento de estenose laringotraqueal. Foram identificados 26 pacientes que tiveram intubação prolongada por Covid-19, desenvolveram estenose subglótica ou traqueal e tratados cirurgicamente. Nenhum paciente foi operado em vigência da fase aguda da infecção por SARS-CoV-2. Coletados dados demográficos, status performance no momento da cirurgia, presença de traqueostomia prévia, tempo de intubação, grau da estenose (classificação Myer-Cotton); dados cirúrgicos como extensão da estenose, uso de manobra de liberação supra-hioidea ou emprego de enxerto de cartilagem costa; dados do pós-operatório como: dias em UTI, dias em enfermaria convencional, complicações (incluindo óbito), uso de traqueostomia ou tubo T após a cirurgia, e avaliado a decanulação como resultado final.

Resultados

Dos 26 pacientes 15 eram do sexo feminino, a média de idade de 50,46 anos (32-69), com tempo médio de intubação de 17,22 dias (8-39) e 20 tiveram traqueostomia prévia. O grau de estenose mais comum foi Myer-Cotton III (71-99%) com 15 pacientes (57,7%) e apenas dois tinham via aérea em fundo cego (Myer-Cotton IV). Em 16 pacientes foram anastomoses e ressecções traqueais, em 9 foram anastomoses cricotraqueais (técnica Pearson) e apenas um teve laringofissura com interposição de enxerto de cartilagem anterior e posterior. O tempo médio em UTI for de 3,04 dias (1-22) e posteriormente na enfermaria de 3,57 dias (1-29). Os maiores preditores de internação prolongada em UTI ou no quarto foram complicações clínicas como pneumonia, hipercapnia/hipoxemia com necessidade retorno à ventilação mecânica. Dos 26 pacientes, apenas 1 teve traqueostomia ao término da cirurgia. Outros dois pacientes a traqueostomia foi feita dias após, sendo que um deles foi colocado tubo-T. Destes três pacientes, um permanece com traqueostomia, um foi a óbito, o paciente em que foi colocado o tubo-T foi decanulado 2-3 meses após. Da casuística total tivemos 3 óbitos, que tiveram internação total maior que 20 dias. O principal fator para pior resultado (internção prolongada e óbito) foi performance status/ECOG 3

Conclusões

Apesar de um taxa de óbito de cerca de 11,5%, ressaltamos a redução da performace status dos pacientes pós-covid como fator para pior resultado e desfecho com complicações e óbito. Ainda assim a traqueoplastia nesses pacientes pode ter bons resultados com taxa de decanulação de 92,3%. Excluindo os pacientes que tiveram complicações como pneumonia e necessidade retorno à ventilação mecânica (3 pacientes), nossa média de dias em UTI foi 1,57 e 2,0 dias em enfermaria.

Área

Cirurgia Torácica

Instituições

Hospital de Base/FAMERP - São Paulo - Brasil

Autores

ISAAC FARIA SOARES RODRIGUES, CELSO MURILO NALIO MATIAS DE FARIA, HENRIQUE NIETMANN, THAIS DELLA ROVERI CANOVAS, JULIANA RESENDE DA SILVA, EDUARDO HELIO INTELIZANO DE SOUZA, MARIANA CARVALHO GRAZIANO, MARIA ISABEL SILVA CRISAFULLI, ANA LUISA MACHADO NOBRE