Dados do Trabalho


Título

EMBOLIA SEPTICA POR STAPHYLOCOCCUS AUREUS – RELATO DE CASO

Descrição do caso

Embolia séptica pulmonar é uma condição de rápida evolução, de acometimento etário diverso e alta morbimortalidade. Geralmente cursa com febre, dispneia e dor torácica. No entanto, o histórico de infecção de partes moles associado ao quadro clínico e imagem radiográfica com múltiplos nódulos bilaterais devem alertar para essa hipótese diagnóstica possibilitando que o tratamento seja instituído o mais precocemente possível.
Masculino, 14 anos, com antecedente narguilé diário, sem outras comorbidades, realizou sete dias antes da admissão perfuração de piercing na região do tragus do pavilhão auricular esquerdo, após quatro dias relato de febre, dor, flogose na região e ponto de flutuação a palpação, realizado drenagem no estabelecimento em que realizou o procedimento, após apresentou tosse, dispneia aos pequenos esforços e dor torácica ventilatório dependente. Admissão hospitalar: máscara não reinalante 10L/min e SpO2 100%, f: 38 irpm, FC: 98 bpm, PA:140 x 95 mmHg, iniciado ceftriaxone e clindamicina empírico. Nos exames: sorologia para HIV, testes rápidos para influenza e covid negativos, escarro para tuberculose negativo. Radiograma de tórax: múltiplos infiltrados nodulares bilaterais difusos. Tomografia de tórax: nódulos periféricos difusos bilaterais com sinal do vaso de alimentação, alguns com necrose central e cavitados. Evoluiu com hemoptise, instabilidade hemodinâmica e insuficiência respiratória aguda com necessidade de intubação orotraqueal e droga vasoativa. Em nova tomografia de tórax com opacidades nodulares com halo em vidro fosco e outras com centro escavado. Devido imagem e gravidade escalonado antibioticoterapia para meropenem e vancomicina. A hemocultura revelou S. aureus sensível à meticilina. Paciente manteve instabilidade hemodinâmica a despeito de drogas vasoativas, com dificuldade de ventilação, hipoxemia e hipercapnia refratarias evoluindo a óbito cinco dias após a admissão hospitalar.
Embolia séptica pulmonar é uma condição rara, porém de alta mortalidade, causada pela embolização de trombos contendo microrganismos, especialmente bactérias, provenientes de focos infecciosos primários extrapulmonares, que por sua vez obstruem o leito microvascular pulmonar, culminando em sepse e formação de abscesso focal pulmonar. As infecções de pele e partes moles como no caso descrito acima, endocardite bacteriana, infecções intravenosas e infecção do trato urinário são algumas das causas mais comuns. O padrão radiológico na tomografia de tórax característico da patologia é representado pelo achado de múltiplos nódulos periféricos bilaterais com graus variados de cavitação. Outros achados incluem: opacidades espiculadas e sinal do vaso de alimentação, sinal que pode também se apresentar em outras condições como metástase, fístula arteriovenosa e vasculite pulmonar. A identificação do padrão radiológico associado a clínica e história compatíveis são importantes para início de tratamento precoce e evitar desfechos desfavoráveis.

Área

Infecções respiratórias e Tuberculose

Instituições

Centro Universitário São Camilo - São Paulo - Brasil, Hospital Geral de Carapicuíba - São Paulo - Brasil

Autores

RODRIGO BRASILEIRO SOUZA, YOHRAN CACCIATORI SILVA, MATEUS VINICIUS FERNANDES CARDOSO, VICTOR HUGO ARANTES SISTEROLLI ALENCAR, JULIA VITÓRIA NUNES AQUINO, PRISCILA BENITZ RIOS OLIVEIRA, ANA CAROLINA LIMA RESENDE, MARIANA LAFETÁ LIMA