Dados do Trabalho

Título

NOVA FORMA DE UM VELHO HABITO, O TABAGISMO, E SUAS CONSEQUENCIAS A SAUDE: RELATO DE CASO DE EVALI GRAVE

Descrição do caso

Os cigarros eletrônicos foram desenvolvidos em 2003 com proposta de um produto alternativo menos lesivo, o qual auxiliaria na cessação do tabagismo. Entretanto, com impulso da indústria do tabaco e ganho de popularidade através das redes sociais, o uso destes dispositivos tem sofrido aumento exponencial, especialmente entre adolescentes, jovens e não tabagistas. Além disso, estes são considerados uma ameaça à saúde pública, tendo ocorrência crescente da lesão pulmonar induzida pelo cigarro eletrônico (EVALI), a qual representa uma reação inflamatória pulmonar que pode levar à insuficiência respiratória. Neste trabalho, relatamos um caso grave de EVALI em paciente jovem. Homem, 29 anos, sem comorbidades, procurou atendimento referindo tosse seca, dor torácica ventilatório dependente, febre, mialgia e dispneia progressiva há 4 dias. Relatou contato com águas de rio e chuvas um dia antes do início do quadro. Tabagista com carga tabágica de 5 anos-maço e uso de cigarro eletrônico há um mês como método de interrupção do tabagismo. Em admissão, apresentou taquipneia, estertores finos e roncos predominando em terços inferiores em ausculta pulmonar e hipoxemia com necessidade de O2 suplementar via máscara não-reinalante. Exames laboratoriais revelaram leucocitose, proteína C reativa aumentada e função renal normal. Radiografia de tórax demonstrou opacidades bibasais e infiltrado de predomínio central bilateral. Tomografia computadorizada de tórax apresentou aspecto de vidro fosco com distribuição central de ápices a bases, áreas de consolidações e derrame pleural de pequeno volume bilateral. O paciente foi encaminhado a UTI com necessidade de intubação orotraqueal. Broncoscopia apresentou lavado broncoalveolar de aspecto claro com predomínio celular neutrofílico e pesquisa negativa para agentes infecciosos. Investigação de autoimunidade não evidenciou doença reumatológica e ecocardiograma transtorácico sem alterações. Diante da ausência de sinais de outras doenças, principalmente infecciosas, e cronologia com o uso de cigarro eletrônico foi considerado a hipótese EVALI. Após antibioticoterapia empírica associado a metilprednisolona 1mg/kg/dia, houve rápida melhora e extubação em 72 horas. O paciente recebeu alta hospitalar em 6 dias em uso de prednisona 20mg via oral e programação de desmame. O caso descrito demonstra que a EVALI é uma doença potencialmente grave, sendo o diagnóstico dado por exclusão. Ademais, alerta para o risco do cigarro eletrônico como método auxiliar na cessação do tabagismo, uma vez que, neste caso, esta foi a motivação para uso deste produto e nova porta de entrada para formas de tabagismo e consumo de nicotina.

Área

Tabagismo