Dados do Trabalho


Título

PACIENTE COM LUPUS ERITEMATOSO SISTEMICO APRESENTANDO SINDROME DO PULMAO ENCOLHIDO.

Descrição do caso

A síndrome do pulmão encolhido (“shrinking lung syndrome”) é uma forma rara de acometimento pulmonar associada lúpus eritematoso sistêmico em 1% a 6% dos casos. Seu quadro clínico, eventualmente, cursa com dispneia, dor torácica pleurítica, perda progressiva dos volumes pulmonares e ausência de sinais tomográficos de intersticiopatia e/ou pleuropatia.
Paciente do sexo feminino, 35 anos, com diagnóstico de Lúpus eritematoso sistêmico, desde 2014, com histórico de internações ora devido à nefrite lúpica, ora a anemia hemolítica, pericardite autoimune e trombose venosa profunda. Durante período de seguimento, excluída síndrome do anticorpo antifosfolipídeo. Como tratamentos instituídos, pulsoterapia com metilprednisolona, ciclofosfamida e imunoglobulina endovenosa (em vigência de anemia hemolítica grave). À avaliação, pela equipe da Pneumologia de nossa instituição, refere queixa de dispneia aos mínimos esforços, associada à dor torácica difusa, bilateral, quando inspiração profunda e ao decúbito dorsal, desde 2020. Ao exame físico, sinais de artrite em segunda e quinta interfalangianas distais direitas, com fenômeno de raynaud em respectivos dedos, associado a frequência ventilatória de 30 incursões respiratórias por minuto, sem sinais de esforço ventilatório. Após a exclusão de causas cardiovasculares, realizada tomografia de tórax de alta resolução, com ausência de alterações intersticiais ou pleurais. Entretanto, em corte coronal, evidenciada, elevação de cúpulas diafragmáticas e redução volumétrica pulmonar. A ultrassonografia diafragmática revelou velocidade de contração reduzida (0,5 cm/s) e atrofia muscular. Pletismografia com 0,81 litro (23%) de capacidade vital forçada, 0,81 litro (28%) de volume expiratório forçado e 2,0 litros (41%) de capacidade pulmonar total. Medidas de pressões inspiratória e expiratória de 42 e 45 cmH2O (45% e 48%), respectivamente e ventilação voluntária máxima de 60,26 litros/minuto (44%). Positividade em FAN membrana nuclear e nuclear homogêneo (1:160 e 1:640) anti-DNA nativo (1:320), anti-Sm (>200 UR/mL), anti-RNP (173,9 UR/mL). Realizado tratamento com prednisona (40 miligramas/dia), hidroxicloroquina (400 miligramas/dia), colchicina (1 miligrama/dia) e micofenolato mofetil (3 gramas/dia). Evoluiu com melhora discreta de sintomas respiratórios. Devido ao quadro clínico-radiológico, aventada hipótese de síndrome do pulmão encolhido.
Sua fisiopatologia é, até o momento, desconhecida. Uma das hipóteses mais aceitas é a redução do espessamento e disfunção de ambos os diafragmas, devido à miopatia, com consequente elevação das cúpulas. Porém, naqueles com força muscular diafragmática preservada, pode ocorrer inflamação pleural, gerando limitação inspiratória e consequente reorganização parenquimatosa com limitação da complacência pulmonar. O tratamento ainda é incerto: glicocorticoides e imunossupressores (ciclofosfamida, micofenolato, azatioprina, rituximabe, a exemplo) podem melhorar sintomas e função pulmonar.

Área

Outros

Instituições

Hospital das clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP - São Paulo - Brasil

Autores

JOSE RENAN VIEIRA DA COSTA JUNIOR, THIAGO RODRIGUES DA CUNHA STOIANOV, SILVIO HENRIQUE AZEVEDO SANTOS, LETICIA LAGUNA BIANCHI, THALYSSA ABREU BANDEIRA, ELCIO DOS SANTOS OLIVEIRA VIANNA, LUIS RENATO ALVES, ADRIANA IGNACIO DE PADUA, ANDREA ANTUNES CETLIN, DANILO TADAO WADA, ROSÂNGELA VILLELA GARCIA, ROOSEVELT SANTOS NUNES, MARCELO BEZERRA DE MENEZES, LEONARDO PIPPA GADIOLI