Dados do Trabalho


Título

FIBROSE PULMONAR SECUNDARIA A COVID-19

Descrição do caso

Introdução: A doença causada pelo novo coronavírus (Covid-19) foi declarada como pandemia pela OMS em março de 2020 e acometeu milhões de pessoas em todo o mundo.
A fibrose pulmonar pós-COVID-19 é definida como a presença de sequelas tomográficas fibróticas persistentes observadas no período de acompanhamento, que podem ou não estar relacionadas com sintomas persistentes.

Objetivo: Relatar o caso de um paciente jovem, previamente hígido, que apresentou queda de funcionalidade e achados característicos de fibrose pulmonar em TC de tórax após infecção grave pelo SARS-CoV-2.

Relato de caso. Masculino, 47 anos, atleta, ficou internado 98 dias após Covid-19 grave em 2021. Necessitou de ventilação mecânica prolongada, traqueostomia e apresentou várias complicações incluindo pneumotórax e pneumomediastino. Recebeu alta pesando 34 kg, com fraqueza intensa, incapacidade para a deambulação e recebendo oxigenoterapia contínua. A medida que apresentou recuperação do peso (88kg) observou piora de funcionalidade com dispneia aos mínimos esforços (mMRC 4), associada a episódios de tosse e sibilância e necessidade de manter 1 a 1,5 litros de O2 durante os esforços, fez uso de corticoterapia sistêmica por aproximadamente 12 meses após alta hospitalar. Exame físico: sons pulmonares presentes bilateralmente, sem ruídos adventícios e SpO2 de 94% em ar ambiente. TC de tórax: espessamento de septos interlobulares bilaterais, opacidades em vidro fosco, estrias fibróticas densas pulmonares de aspecto retrátil e distorção da arquitetura pulmonar. Espirometria com distúrbio ventilatório restritivo leve confirmado pela redução de CPT (57% previsto) e capacidade difusiva do monóxido de carbono moderadamente reduzida (48% previsto). Gasometria arterial em repouso e ar ambiente: pH = 7,38, PaO2 = 75,4, PaCO2 = 35; HCO3 = 21,5, BE = -4, SaO2 = 97,1%; D(A-a)O2 = 17,3 (prevista = 12,4). Teste do degrau com duração de 4 min, cessado por dispneia e dessaturação até 86%. PImáx =134 cmH2O (113% prev); PEmáx = 50 cmH2O (41% prev). Força de preensão palmar D: 50 kgf E: 40 kgf . Holter de ECG: Atividade ectópica supraventricular isolada e atividade ectópica ventricular monomórfica isolada. Ecocardiografia transtorácica: Desempenho sistólico do VE preservado e disfunção diastólica do VE tipo 1. Devido a persistência de fraqueza muscular realizou teste de exercício cardiopulmonar que permitiu afastar a suspeita de síndrome da fadiga crônica e presença de limitação ventilatória e trocas gasosas com padrão taquipneico no exercício.
Paciente segue em acompanhamento no ambulatório pós-covid do Hospital São Paulo.

Discussão: Diferente de outras causas de fibrose pulmonar, na fibrose pós-COVID-19 ainda não está claro se haverá progressão da mesma ao longo do tempo, como e por quanto tempo deverá ser realizado o seguimento dos pacientes que apresentam esta sequela, bem como quais medicações poderiam ser utilizadas nesta eventualidade.

Área

Doenças Intersticiais Pulmonares

Instituições

unifesp - São Paulo - Brasil

Autores

SARAH PACHER, MARIANA LAFETA LIMA, SONIA MARIA FARESIN