Dados do Trabalho
Título
ACOMETIMENTO PULMONAR SECUNDARIO A SINDROME ANTI SINTETASE - RELATO DE CASO
Descrição do caso
Justificativa: A síndrome anti sintetase é uma patologia heterogênea e rara caracterizada pela positividade de anticorpos anti-sintetase e de autoanticorpos cursando com artrite, miosite e acometimento intersticial pulmonar, evoluindo com elevada morbimortalidade. Todavia, ainda não há consenso na literatura acerca do tratamento de tal apresentação. Nesse sentido, relatamos a seguir o manejo de um paciente com acometimento pulmonar secundário à síndrome anti sintetase. Relato de caso: Paciente, 43 anos, masculino, professor, inicia quadro de dispneia aos esforços, tosse e febre em dezembro de 2022, com radiografia de tórax evidenciando infiltrado reticular difuso. Diagnosticado como portador de pneumonia e abordado com múltiplos esquemas antibióticos, porém sem melhora. Nesse contexto, encaminhado ao serviço de pneumologia apresentando piora progressiva da dispneia (mMRC 3), tosse, febre, artralgia em mãos e joelhos e perda de força em musculatura proximal. Ao exame físico, apresentava ausculta pulmonar reduzida difusamente, sem ruídos adventícios. Tomografia de tórax evidenciou comprometimento difuso do parênquima pulmonar sobretudo nos campos médios e inferiores por nódulos centrolobulares, áreas de pavimentação em mosaico e zonas de aprisionamento aéreo, achados sugestivos com o padrão de pneumonia intersticial não específica. Ademais, provas de função pulmonar evidenciaram padrão ventilatório obstrutivo acentuado com capacidade vital forçada reduzida com resposta à prova broncodilatadora, sendo iniciada terapia com broncodilatação de longa duração e corticóide inalatório com resposta clínica parcial. Solicitada pesquisa de autoanticorpos, cujo resultado demonstrou anti-Ro de 20,4 (VR<20), anti sintetase 85 (VR<25) e CPK em elevação (350, 490 e 530). Diante disso, aventado o diagnóstico de síndrome anti sintetase, com início de pulsoterapia com ciclofosfamida e prednisona. Após a instituição do tratamento, o paciente relatou melhora gradual dos sintomas supracitados evoluindo com alta hospitalar e seguimento de pulsoterapia mensal com ciclofosfamida, além de altas doses de corticoterapia. Discussão: Dada a ausência de amplos ensaios clínicos randomizados acerca do tratamento da intersticiopatia associada a síndrome anti-sintetase, seu manejo é baseado no uso de imunossupressores de escolha para as demais miopatias inflamatórias. Dessa forma, a corticoterapia é a base da terapêutica no período de maior atividade de doença, com manutenção de doses elevadas por cerca de seis a oito semanas e com posterior redução de tais doses conforme a tolerância clínica. Para a indução de imunossupressão e prevenção de recidivas, pode-se ainda lançar mão de drogas imunossupressoras, sendo a ciclofosfamida uma das drogas de escolha, principalmente em contextos de acometimento mais severo da doença, levando-se em conta a necessidade de manutenção da imunossupressão por longos períodos, dada sua potência satisfatória e sua boa penetração pulmonar.
Área
Doenças Intersticiais Pulmonares
Instituições
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO OSWALDO CRUZ - Pernambuco - Brasil, UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - Pernambuco - Brasil
Autores
THIAGO DARLAN SILVEIRA DA SILVA, PAULA ADRIANA PRADO MELO REGIS, PEDRO PINHEIRO BARROS, RAISSA CAROLINNE BORBA ALVES DA SILVA, DEMETRIUS SILVA COSTA, DANYLO FERNANDES IGLESIAS LEITE LOPES, GABRIELA MACEDO EGÍDIO MEDEIROS, LETICIA LIMA FREITAS, HENRY MARTINS SOARES FORTES, RAYANNE ALVES DE CARVALHO MEDEIROS